Certo, ele tem uma tendência a matar animais em filmes. Mas é difícil não ter carinho pelo estilo peculiar de Wes Anderson. Cheio de planos simétricos, a la Stanley Kubrick, com cores saturadas e personagens tão absurdos quanto as tramas, Anderson foi de louco favorito do cinema independente a um cineasta respeitado com justiça.

Na última segunda-feira, em pleno feriado do dia do trabalhador, o excêntrico diretor texano completou 48 anos. Em 2018 ele lança “Isle of Dogs” (“Ilha dos Cachorros”, em tradução livre), novo longa em stop-motion. Antes disso, porém, ele já lançou outros 8 (!!!) longas. Para celebrar essa data, remontamos a carreira com um ranking dos filmes, do melhor ao pior.

O simétrico “Moonrise Kingdom”

1- Moonrise Kingdom (2012) – Com excentricidade bem dosada, uma história tocante e humana e uma medida saborosa de constrangimento, “Moonrise Kingdom” é a obra mais delicada de Wes Anderson. Na trama, um casal de jovens amantes foge de sua cidade rumo a um refúgio, o que mexe na vida de todos os conhecidos. Aqui, os truques visuais de Wes Anderson adicionam charme aos momentos mais banais.

O fantástico “O Fantástico Sr. Raposo”

2- O Fantástico Sr. Raposo (2009) – Ágil, inteligente e hilário, “O Fantástico Senhor Raposo” foi o reencontro de Wes Anderson com o bom cinema. Após uma série de filmes meio parecidos um com o outro, a aposta na adaptação do clássico de Roald Dahl virou uma das animações mais randômicas e deliciosas do cinema mundial. E o Senhor Raposo merecia um canal só para si.

Parte de “Os Excêntricos Tenembaums”

3- Os Excêntricos Tenembaums (2001) – Não existe nada tão deliciosamente Wes Anderson como um filme que em português traz “excêntrico” no nome. Toda a mise-en-scène da família desregulada que se reúne em situação adversa é absurda e hilária. Cada personagem é único, diferente e a fauna de personagens só cresce na memória afetiva.

“O Grande Hotel Budapeste”

4- O Grande Hotel Budapeste (2014) – De certa forma, “O Grande Hotel Budapeste” parece até um Wes Anderson domado. Em olhar mais aproximado, notamos que o apuro estético e a obsessão visual do diretor atingem aqui seu ápice. É tudo maior, mais grandiloquente, mas ainda assim faz sentido – ainda que tudo patine no conceito de (in)crível. Não fosse a cena do gato, talvez tivesse uma posição melhor.

O já simétrico “Três é Demais”

5- Três é Demais (1998) – Foi aqui que Wes Anderson começou a despontar como alguém de visão única. Ainda que de forma preliminar, o diretor mostra seu peculiar retrato de personagens excêntricos em Max Fischer, o amável odiável protagonista. O título em português beira o aleatório – no original é “Rushmore”, nome da escola. Ou seja, talvez esteja mais certo do que tudo.

Mais uma vez simétrico em “A Vida Marinha com Steve Zissou”

6- A Vida Marinha com Steve Zissou (2004) – Bill Murray é genial. A forma como ele se impõe em qualquer obra que aparece é de um talento inato. Na primeira obra de Wes Anderson que protagoniza, ele empresta caráter, estranheza e carisma ao Jacques Costeau moderno. Segura bem uma obra que mostrava desgaste na estética do diretor texano.

Três é demais em “Pura Adrenalina”

7- Pura Adrenalina (1996) – Ainda que tenha suas marcas, “Pura Adrenalina” (ou “Bottle Rocket) soa como um roteiro de curta-metragem estendido por 1h30min. E, levando-se em conta o histórico, sabemos que é exatamente isso.

O trio que não salva “Viagem a Darjeeling”

8- Viagem a Darjeeling (2007) – O belo trio de protagonistas (Owen Wilson, Jason Schwartzman e Adrien Brody) pouco ajuda a superar o tom derivativo da obra. “Viagem a Darjeeling” talvez funcionasse bem para quem não se acostumou aos marcantes temas e estéticas de Wes Anderson. Como não era novidade, parece uma extensão capenga de “Os Excêntricos Tenembaums” ou “A Vida Marinha com Steve Zissou”.

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André Bloc

Redator de Primeira Página do O POVO, repórter do Vida&Arte por seis anos, membro da Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine).

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