Por mais corridas que se tenha no currículo, não tem jeito. Participar de uma São Silvestre é uma experiência única. Diferente de tudo que você possa imaginar e do que se vê pela televisão. Demorei 35 anos para cumprir esse sonho que virou promessa – feita ainda na época que a prova era de noite, na virada do ano. Por isso curti cada minuto, sem preocupação com tempo e colocação.
Correr ao lado de quase 40 mil pessoas – 30 mil oficiais e o resto de pipocas – não é tarefa assim tão difícil. O ritmo é tranquilo para quem larga no meio daquela muvuca. Ninguém fica só o caminho todo. É uma festa de fantasias, piadinhas e menções a times de futebol – o campeão deste ano foi o “Vamos, Vamos, Chape”.
Mal sai do metrô Trianon, a primeira pessoa que encontro na Paulista é um cearense. O Carlos Eneudo, o Tiririca, corredor assíduo das provas em Fortaleza. Pronto, já estava em casa. Como corri com a camisa da Corrida Pé na Carreira aos poucos vários outros cearenses foram se identificando e cumprimentando.
O Sol já estava batendo forte e nada da começar. Não se via nem o começo, nem o fim daquele rio de corredores. Só as 9 horas – poderia ser mais cedo se não fosse a Globo – foi dada a largada. Para quem estava na frente, ótimo. Para quem estava no meio, nem tanto. Até passar pelo Portal de início foram 15 minutos. A maioria andando e fazendo folia para as câmeras.
FANTASIAS
Tinha de tudo ao meu lado: Homem Aranha, Michael Jackson, o Homem do Saco de papel na cabeça, vikings, bailarinas, a turma do Chaves, Surfista Prateado, um cara de sunga e pintado de vermelho, muitos pipocas, milhares. Mas também famílias inteiras. Do neto ao Vovô. Bacana ver tanta gente idosa praticando esporte no lugar de ficar ouvindo radinho em casa.
Com tanta gente na pista, não deu outra. O ritmo é bem lento. Não tem como imprimir mais velocidade com tantos paredões na frente. Pior é o calor e o $ol na cachola. O miolo esquentou mais ainda com a demora do posto de hidratação. O primeiro apareceu só no km 4. E com agua quente.
Situação ficaria pior nos demais postos. Embora instalados em distâncias menores, os postos seguintes estavam cada vez mais vazios. Alguns, como na avenida Rio Branco e no início da temida Brigadeiro Luiz Antônio, estavam completamente vazios. Culpa dos “pipocas” ou da organização? Não importa. Quem pagou – e não foi barato (R$ 160) – saiu no prejuízo Essa foi a única grande falha.Dica para quem for na próxima: leve sua água ou carregue dinheiro para comprar nas dezenas de barzinhos abertos no percurso.
RELAXA E APROVEITA
A São Silvestre não é uma prova pra se preocupar com tempo. Deixe isso com o grupo de elite. Como o ritmo é lento, curta o percurso, as paisagens e pontos históricos. Da Paulista , a corrida passa pela Consolação e logo chega ao famoso estádio Pacaembu. A trupe vai passando e o legal é que as pessoas vão aplaudindo, dando força e estendendo a mão para que a gente bata e prossiga. A interação corredor e população é geral.
Logo estamos no Centro histórico passando por esquinas famosas como a São Joao com Ipiranga, o Teatro Municipal, Viaduto do Chá, Arouche. O que atrapalha é o mau cheiro do local, bem pior do que o da Praça do Ferreira. Cheguei a parar de correr para ver se não havia pisado em alguma obra desagradável, se é que me entendem.
Eis então que me deparo com a Brigadeiro Luis Antônio e toda sua historia de 3km de subida. De fato ela amedronta, mas não é um bicho de sete cabeças. Ali muitos preferem só caminhar. Quem guardou energia no caminho, consegue ir na boa, correndo e andando. Afinal, é o ultimo esforço de uma odisseia que começou, para mim,nos treinos em Fortaleza há uns três meses. No trajeto encontro gente esbaforida, outros com câimbras, muitos dando o último esforço. Enfim, dobra-se à direita de volta à Paulista. São mais 300 metros e a missão está cumprida.
Vale a pena, você deve me perguntar?
Vale, eu digo. Pela emoção, pela energia do local, pelo desafio e pela festa. Por cada metro percorrido, vale sim. Pelo menos uma vez na vida, vá e curta essa magia chamada São Silvestre.
Parabéns Paulo. São Silvestre é isso mesmo, é uma festa. Apesar dos pesares, também recomendo para quem quer conhecer, depois, cada um tira a sua conclusao, uns amam, outros odeiam, mas todos os anos está lotada.
Parabéns Paulo, belo texto, é isso mesmo, pura festa ! Também foi minha primeira SS, confesso que me emocionei durante a prova ao passar no centro histórico em locais que passava quase todos os dias quando morava lá. Larguei no pelotão laranja e como já previa problemas nos postos de hidratação, levei uma garrafa de 750ml de agua congelada que e serviu até o final. Mas na realidade, consegui pegar agua em todos os postos, que usei para jogar na cabeça e realmente não estava gelada. Valeu a pena e vou querer repetir… O ponto negativo foi a organizadora Yascom, que mostrou ser desonesta, incompetente e gananciosa. Os KITS pré prova e pós prova foram ridículos, camisa de péssima qualidade, alimentos vencidos, não teve frutas nem isotônico no final, o guarda volumes em local pouco acessível, os staffs desinformados etc. e o grande problema com a agua. Na realidade não faltou agua, sobrou foi muita agua, o que faltou foi logística, gente e gerenciamento para repor os coxos. Em cada posto com agua quente ou faltando tinha centenas de caixas de agua fechadas, encostadas ao lado… E ai a Yascom de forma irresponsável esta jogando na mídia a culpa total nos pipocas. Ridículo, mas nem que os pipocas (todos) tivessem saído na frente e corrido mais que todo mundo, não dariam conta de tanta agua…. Bom foi uma verdadeira maratona, por isso alguns chamam de “maratona de São Silvestre” . Mas que valeu a pena, valeu !!! abraço.
Foi isso Paulo. Larguei mais atrás, no setor lilás e sofri com a falta de água. Também me emocionei, mas na chegada, ao realizar a promessa. Como já sabia da desorganização das provas da Yescom, não me surpreendi. Kit bem vagabundo mesmo. O preço é mais pela tradição e pela folia. E tens razão. Valeu por cada passada dada naqueles 15 km