Recentemente, correu pelos noticiários culturais brasileiros a surpreendente notícia de que Louco Por Você, o primeiro disco de Roberto Carlos, estaria disponível no site do ITunes. O motivo do alarde é que este disco nunca foi reconhecido pelo Rei com algo digno de relançamento em formato nenhum. Nem cantar este repertório em shows ele fez ao longo destes 50 anos de carreira. Alegando que a qualidade da gravação ficou ruim, Roberto mandou retirar o disco do site e ainda desmentiu a história de que iria relança-lo em edição remasterizada.

Lançado em 1961, o disco Louco Por Você tem um pé nos boleros e outro num roquezinho mais ingênuo do que viria a ser a Jovem Guarda anos depois. Ao longo de 12 faixas, a mão de Carlos Imperial se faz presente na produção e nas composições. Sem nenhuma composição de Roberto (que dirá da célebre parceria com Erasmo Carlos), o disco lembra aqueles momentos sem graça de outro ídolo do rock, o Elvis Presley. Mais ainda por conta das presenças do baixo acústico, dos vocais de repetição e das versões para músicas em inglês.

Apesar de se mostrar a anos luz em qualidade se comparado aos grandes momentos da carreira do Rei, Louco Por Você guarda uma simpatia atraente para os fãs. Por isso mesmo trata-se de um dos trabalhos brasileiros mais procurados em sebos. Entre os destaques dessa estreia está o roquinho Mr. Sandman, de Pat Ballard lançado em 1954 pelo grupo The Chordettes. O clássico Cry me a river virou Chore por mim, numa versão bem fiel à original feita por Julio Nagib.

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Pra quem não sabe, Roberto Carlos começou a carreira de cantor como um imitador impecável do mestre João Gilberto. Dessa herança bossanovista, Louco Por Você traz Ser bem e Se Você Gostou, ambas de Imperial. Ao ter a última faixa, a conservadora Eternamente (com direito a um “qüestões”), uma explicação fica clara de por que Roberto Carlos não quer nem ver esse seu disco nas lojas: é por que é ruim mesmo. Repito, vale pela curiosidade de ver um ídolo ainda dando seus primeiros passos. Fora isso, Louco por você está longe de ser um trabalho que passe na avaliação criteriosa do Rei Roberto.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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