Em favor da Família Brasileira (de todas elas)

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Não poderíamos deixar de cometar sobre o beijo lindo entre Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathália Timberg) no primeiro capítulo da novela “Babilônia” que foi ao ar na segunda, 16.

Como era de se esperar duas mulheres da melhor idade trocando um beijo em pleno horário nobre causou muita polêmica, mais até do que uma das cenas finais da novela anterior, “Império”, onde o filho matou o próprio pai.

Logo surgiram nas redes sociais os defensores da família, que julgavam a cena do beijo entre as atrizes um atentado contra a família tradicional brasileira. Mas afinal, de que família tradicional eles estão falando mesmo?

O padrão de família com pai, mãe e filhos já não é mais tão presente na sociedade brasileira, as constituições familiares estão mudando e novos lares surgem com novos personagens assumindo diferentes papéis, seja famílias de mães ou pais solteiros, ou casos onde as avós criam os netos, além dos casais gays.

Segundo o Censo do IBGE de 2010, dos 57 milhões de lares brasileiros cerca de 16,3% são de lares reconstituídos, ou seja, “núcleos constituídos depois da separação ou morte de um dos cônjuges”, o que deixa claro que homem e mulher e “até que a morte os separe” já não é tão vigente assim. Outro índice importante é o número de casais gays que já totalizam 60 mil sendo 53,8% de mulheres e 46,2% de homens.

Resumindo: chega de defender algo que já nem existe mais, as famílias mudaram, e não precisa de esforço para perceber isso. A coluna também é a favor da “Família Brasileira” mas de todas elas, com todas as suas nuances e novas configurações.

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Joelma em boate gay de Fortaleza: não, obrigado!

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Na sexta-feira, 13, o promoter de uma das maiores boates gays de Fortaleza resolveu perguntar aos seus seguidores em uma rede social, o que eles acham de um show da Banda Calypso em Fortaleza. A publicação foi o motivo para uma discussão maior, afinal, Joelma, vocalista da banda, se envolveu numa polêmica em 2013 após um entrevista para a revista Época onde ela foi acusada de homofobia.

Na época, Joelma que é evangélica disse que “se tivesse um filho gay lutaria até a morte para fazer sua conversão”. A cantora comentou ainda sobre o casamento gay e se declarou totalmente contra: “Tenho muitos fãs gays, mas a Bíblia diz que o casamento gay não é correto e sou contra. Já vi muitos se regenerarem. Conheço muitas mães que sofrem por terem filhos gays. É como um drogado tentando se recuperar” afirmou Joelma.

Ainda não é certa a vinda de Joelma e sua banda para o possível show na boate gay, mas basta reler o discurso da cantora para entender o quão incoerente é viabilizar um show da “Banda Calypso” em um espaço gay.

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Um ótimo motivo para você ler o “Bom Crioulo” de Adolfo Caminha

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Lançado em 1895 “Bom Crioulo” é talvez uma das primeiras obras da literatura brasileira a tratar do tema “homossexualidade”. Na obra de Adolfo Caminha o personagem principal, Amaro, é um negro escravo foragido que é aceito na marinha, onde logo se destaca graças a sua aptidão para os trabalhos braçais e a disposição em ajudar, o que logo rende a ele o título de “Bom Crioulo”.

A história muda com a chegada de Aleixo, um adolescente loiro, de olhos claros por quem o personagem principal se apaixona. Logo Amaro se envolve em brigas para defender seu amado, e é castigado.

Os dois começam então uma vida quase marital, morando juntos num quarto da pensão de D. Carolina, uma antiga prostituta ajudada por Amaro, mas que logo resolve por capricho conquistar o jovem Aleixo, gerando um conflito na história.

Não vamos contar o final, mas não esperem um conto de fadas, afinal de contas a obre é um dos clássicos do naturalismo, abordando temas urbanos e explorando a natureza humana.

Para quem deu uma imprensada no feriado já pode aproveitar o tempo livre para ler a obra. Nossa coluna de hoje acaba por aqui, um grande abraço e um ótimo final de semana.

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