Veja a matéria abaixo, publicada na edição de 2 de julho, do jornal Folha de S. Paulo. É de um choque desses que a Fortaleza, terra de ninguém está precisando – de modo a se pôr um pouco de ordem no caos urbano que nos assola.

Algum tempo atrás li no O POVO matéria em que um cidadão construiu um lava-jato em plena praça e o administrador da Regional disse que tinha acionado a Justiça para tirá-lo de lá. Ora, isso equivale a um policial surpreender alguém em flagrante delito e dizer que não vai prendê-lo sem ordem judicial.

Chapinha quente

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO

MARCOS DE VASCONCELLOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A chapinha está quente no salão de Marco Antonio de Biaggi, o cabeleireiro das celebridades dos Jardins.

Após ter sido fechado pela prefeitura na noite anterior, o local foi lacrado ontem por reabrir para atender clientes. A interdição terminou em socos e foi parar na delegacia.

Segundo o secretário de Controle Urbano, Orlando de Almeida, que ontem voltou lá para comandar a operação, o marido de uma cliente que saía do salão bateu no motorista que estava no carro oficial da secretaria, que bloqueava a garagem.

O casal fugiu numa Mercedes-Benz, mas a placa do carro foi anotada. A Polícia Militar foi chamada e o secretário foi à delegacia do bairro para registrar um termo circunstanciado sobre a agressão.

Depois de descumprir o fechamento administrativo, o salão de Biaggi recebeu duas multas: uma de R$ 3.600, pelas irregularidades, outra de R$ 10 mil por manter duas placas, em desacordo com a Lei Cidade Limpa.

Segundo Biaggi, o salão atendeu apenas uma noiva e não cobrou pelo serviço. “Foi só uma pessoa que pediu por favor. Foi solidariedade”, completou José Izar, advogado do cabeleireiro.

“Eu não sou dono do imóvel, não tinha ideia da irregularidade do espaço. E agora já tomei as providências e só vou reabrir quando estiver tudo certo”, disse Biaggi. Ele diz que não soube da briga.

Segundo a prefeitura, o salão MG Hair Design não possui alvará, funciona num prédio com área construída maior que a apresentada na planta e é 1,20 metro mais alto que o permitido pelo gabarito daquela região.

O Contru (órgão da prefeitura que fiscaliza a segurança dos imóveis) diz que blocos de concreto serão colocados para impedir a entrada no salão, que tem Adriane Galisteu, Daniella Cicarelli, Ivete Sangalo e Luana Piovani entre as clientes.

“Isso aí é o que chamamos de puxadinho de rico. Ontem combinamos que não iriam abrir, a não ser com uma liminar, só que eles abriram. Aí nós vamos colocar bloco de concreto aqui na frente”, disse o secretário Almeida.

Na noite de anteontem, horas após ter sido fechado, Biaggi informou aos seus 33 mil seguidores no Twitter que o salão “funcionava normalmente” e “não estava interditado”. O salão vizinho, da rival Lucinha Mauro, também fora fechado na quarta.