SemíramisAna Miranda esteve o Espaço O POVO de Cultura & Arte (25/4/2014) falando sobre seu novo livro, “Semíramis”. O estilo do Café Clube de Leitura  é uma “roda de conversa”, na qual o convidado faz uma pequena exposição e fica à disposição dos participantes para responder a perguntas e ouvir comentários.

 

Vocês me desculpem a imodéstia - mas além da tradicional foto da Mel, modelo de todos os meus comentários sobre livros - eu não poderia deixar de mostrar a dedicatória de Ana Miranda, que me fez ganhar o dia (ou anos).

Vocês me desculpem a imodéstia, mas além da tradicional foto da Mel – modelo de todos os meus comentários sobre livros – não poderia deixar de mostrar a dedicatória de Ana Miranda, que me fez ganhar o dia (ou alguns anos).

Palavra
A autora de “Desmundo” (livro pelo qual ela disse ter mais afeição: “Eu inventei uma palavra, é difícil inventar palavras”) expôs a gênese do livro “Semíramis”, que conta a história de Bárbara de Alencar; de seu filho, o padre e senador do Império, Martiniano de Alencar; e do filho deste, neto dela, José de Alencar, o “Cazuzinha”, considerado do fundador do romance brasileiro.

Iriana
Apesar da grandeza histórica de todos eles, os protagonistas do livro são Iriana e sua irmã Semíramis. É por meio da narradora Iriana, que passa a vida inteira Vila do Crato, e das cartas que ela recebe da irmã, que mudou-se para a Corte, no Rio de Janeiro, que a história de desenrola. (O fluxo do texto faz parecer que Iriana está contando a história em seu ouvido: o tom da voz não aumenta nem diminui, mantendo, porém, a cor – sem ser monocórdia nem cansativa.)

Dívida
“Semíramis” é uma dívida que Ana Miranda paga a Rachel de Queiroz, de quem era vizinha no Rio de Janeiro.  A autora de “O quinze” pergunta à escritora mais jovem se ela conhecia Dona Bárbara do Crato. A resposta negativa surpreendeu Rachel, que foi lhe dando livros com a história da heroína republicana. Depois disso, Rachel passou a insistir para que Ana escrevesse a história da mulher que enfrentou o Império.

Caminhos
Tempos depois, Ana se viu experimentando vários caminhos para contar a história encomendada pela amiga, sob a pressão metafórica de Rachel cobrando-lhe a dívida literária. Começou tentando reproduzir no papel  a forma como Rachel a recebia em seu apartamento: “Ana, minha filha, sente aqui, você quer um biscotinho?”; passando por iniciar pela história do avô das protagonistas e sua paixão por Bárbara; com Semíramis atuando no Theatro José de Alencar – até encontrar a “solução narrativa”, que é (a meu ver) a frase que antecede imediatamente o primeiro capítulo: “Mas sei o que é conviver com o mistério: uma brincadeira, dois enganos e três minutos de ilusão”.

Labirinto
“A criatividade é um labirinto onde é difícil achar a entrada, não a saída”, disse Ana, citando um autor que me escapou, e nem o Google deu jeito.

Espírito
Ana opõe-se quando vê seus personagens comparados a homens e mulheres reais: “O personagem é um apanhado de significados humanos, não é feito de carne e osso, mas do espírito das palavras”.

Verdade
Ana também insistiu em negar qualquer compromisso da arte com a verdade, fora da própria arte. “A arte não tem limites, nem éticos”.

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