O oitavo disco do Deftones, um dos grupos mais inventivos e explosivos da música, gerou uma enorme expectativa desde os primeiros rumores de lançamento. Tudo gerou notícia, das brigas internas que abalaram a paz da banda americana, até as citações de Chino, que afirmavam que Morrissey era uma das grandes influências para o novo trabalho. Chino, inclusive, no último Rock in Rio deixou ainda mais escancarado a influência do cantor britânico na sua atual fase ao subir no palco do festival com uma camiseta de Moz, fato que anda se repetindo em algumas aparições. 
Gore foi lançado e imediatamente o mundo da música voltou os ouvidos para entender mais um trabalho cheio de mistérios e excelentes momentos dos americanos. 

O refrão poderoso de “Prayers/Triangles” puxa o início do disco lembrando muito o tradicional Deftones de riffs poderosos dos primeiros trabalhos. Os gritos de Chino continuam lá, misturados aos sussurros na letra que quase soa como um pedido de ajuda, lembrando a crise interna que afetou o Deftones.
Acid Hologram vem numa pegada mais arrastada que tão bem caracteriza o novo trabalho, seguida da incrível “Doomed User”, faixa que já entra explosiva com guitarra e vocal anunciando a letra que mais lembra o estilo Morrissey de escrever.
“Hearts (Wires)”, a mais lenta do disco, é outra faixa que clama por uma salvação em meio a alguma desilusão sem fim e se torna um dos pontos altos do novo trabalho, com os melhores arranjos e a melhor letra. Por isso figura entre as mais elogiadas e comentadas do lançamento. A faixa título “Gore” aponta novamente para o Deftones “mais tradicional”, seguida das excelentes “Phantom Bride” e “Rubicon” que mantêm o peso e os refrões extremamente bem elaborados fechando mais um disco de muita qualidade do Deftones.
Apesar de todas as dificuldades que aparentemente dominaram o período antes do lançamento, apesar de alguns novos elementos, “Gore” demonstra que o Deftones sabe amadurecer, se superar e continuar firme na estrada fazendo bons shows e justificando o porquê de ser um dos nomes mais fortes no segmento. Os sons feitos pelo grupo continuam não sendo das coisas mais fáceis de se entender na primeira audição, continuam trazendo o brilho de descobertas a cada vez que o disco roda e a cada elemento que surge como se antes não existisse. No final, é bom saber que a banda ainda tem muita lenha pra queimar e que ainda pode surpreender a todos fazendo um disco que, apesar de algumas derrapadas ao longo das faixas, começa bem e termina bem. Vida longa ao Deftones.

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