Como usuário do transporte coletivo de Fortaleza tenho percebido nos últimos meses  o aumento de vendedores e pedintes nos ônibus. Num trajeto mais longo a pessoa pode ser abordada mais de uma vez com tranquilidade.

Como disse são vendedores de doces, de canetas, pipoca, pedintes que alegam doenças graves, ou necessitados de complemento de passagem para voltar ao seu destino. Entram por trás do carro, fazem um discurso sempre repetitivo, arrecadam algumas moedas e depois continuam a mesma petição na dianteira do ônibus.

Como cristão é óbvio que não sou contra a esmola. Ela é um ato de caridade, de esvaziamento, seu sentido é mais profundo do que imaginamos ou concebemos, não se trata de mero desencargo de consciência ou uma espécie de “deixe-me em paz”.

Como cristão também não sou a favor da trapaça. Em meio aos que realmente necessitam existem os que se aproveitam da generosidade e boa fé  das pessoas. Alguns inventam doenças, simulam histórias e até são capazes de alugar crianças de colo para sensibilizar a quem se vai pedir.

Cada um é livre para dar ou não a esmola. Ela tem seu mérito justamente nessa predisposição ao auxiliar alguém que sofre. Contudo, o outro lado da moeda não pode ficar sem uma reflexão e, porque não,diria, sem uma fiscalização. O assunto é mais complexo do que aparenta. Um bom mapeamento dos pedintes da cidade seria importante e necessário para se conhecer a fundo o problema e descobrir soluções.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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