O papa Bento XVI foi reconhecido pela revista americana de geopolítica “Foreign Policy“ como um dos 100 maiores pensadores globais de 2009. O pontífice colocou a Igreja como defensora do meio ambiente e denunciante dos perigos das mudanças climáticas.

O discurso do bispo de Roma destaca a ecologia humana à ecologia da natureza. O homem é o centro. A natureza está a serviço da espécie humana e não o contrário. O homem é convocado a cuidar de seu meio ambiente, tornar-se responsável por ele a fim de evitar a destruição do mesmo.

Alguns grupos ambientalistas tomam a via do extremismo e chegam a cogitar, por exemplo, o absurdo de acabar com a gravidez como meio para salvar o planeta do aquecimento global. Reduzir o excesso de seres humanos é bandeira levantada por grupos pró-aborto e anti-seres humanos como é o caso do Optimum Population Trust .

O papa aponta como solução dos problemas ecológicos o aprofundamento da questão humana, indica a necessidade de cada um descobrir qual é o valor dado à vida. É preciso também encontrar o criador que nos habita como meio eficaz para amarmos e servirmos as criaturas.

A natureza em seu conjunto não pode sobrepor-se ao homem que por sua vez precisa – diz o papa & precisa fomentar uma leal solidariedade entre as gerações. “Os custos resultantes do uso dos recursos ambientais comuns não podem ficar a cargo das gerações futuras. Herdeiros das gerações passadas e beneficiários do trabalho dos nossos contemporâneos, temos obrigações para com todos, e não podemos desinteressar-nos dos que virão depois de nós aumentar o círculo da família humana. A solidariedade universal é para nós não só um fato e um benefício, mas também um dever. Trata-se de uma responsabilidade que as gerações presentes têm em relação às futuras, uma responsabilidade que pertence também a cada um dos Estados e à comunidade internacional“.

A pesquisa científica e a utilização dos recursos tecnológicos são meios citados por Bento XVI para se garantir uma gestão globalmente sustentável do meio ambiente e dos recursos naturais. Outro ponto é não separar a educação ambiental da ética, “Não se pode pedir aos jovens que respeitem o ambiente, se não são ajudados, em família e na sociedade, a respeitar-se a si mesmos“.

Por fim a mensagem do papa orienta sobre o risco do novo panteísmo, decorrente de uma crença na natureza como salvadora em si mesma e da mesma igualdade que se quer estabelecer entre o homem e o meio. “A Igreja convida a colocar a questão de modo equilibrado, no respeito da -gramática- que o Criador inscreveu na sua obra, confiando ao homem o papel de guardião e administrador responsável da criação, papel de que certamente não deve abusar mas também não pode abdicar“, exortou o santo padre.

Texto publicado hoje no Jornal O Povo, editoria espiritualidade.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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