Desculpem-me os justiceiros, vingativos, rancorosos e paladinos da verdade, mas no dia de ontem, sexta – feira santa, rezei pela alma de Welligton, o jovem que cruzou o limiar da criminalidade e se tornou conhecido como o assassino de Realengo.

Os noticiários deram conta de seu enterro. Como em vida, no sepultamento o jovem não contou com ninguém ao lado. Impossível não associar o fato ao acontecimento da morte de Cristo quando este deu o último suspiro entre dois malfeitores.

Não cabe a mim julgar e dá o céu ou o inferno como morada eterna para o assassino. Isto é algo entre sua alma e Deus. Também não quero ser leviano, nem um pretenso defensor de algozes. Apenas como cristãos sou impulsionado a por em prática o que ouvir em tantas pregações ao longo destes anos de engajamento na Igreja.

Podem interpelar-me, e a família da crianças? Sua dor não conta?

Como disse, meu ato de rezar pelo jovem em nada quer apagar sua culpa e o pagamento por ela. Caso estivesse vivo deveria da mesma forma ser julgado, condenado e pagar tudo que deveria. Apenas não concordo com a opinião de pessoas que relatam como desejariam matar o assassino, detalham requintes de crueldade que daria inveja ao próprio malfeitor.

Violência não se combate com violência. A morte das crianças e o trauma das sobreviventes serão curados apenas com doses de amor e não com violência, rancor e ódio.

Quantos Wellingtons ainda podem existir em nosso meio, em nossos ciclos sociais. Nesta sociedade esquizofrênica tal qual o garoto assassino meneiamos entre o susto e a vontade de matar. Por um lado condenamos e por outro forjam0s o nascimento de outros monstros.

A situação parece sem uma saída, contudo, para quem crê sempre existirá esperança, a luz sempre acenderá no fim do túnel. Que a chama do amor não ceda ao vento da vingança e ódio e brilhe dissipando o medo de perdoar.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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