Neste ano a parada gay de São Paulo, considerada a maior do mundo, apropriou-se de uma citação bíblica para protestar contra os cristãos. Com a frase “amai-vos uns aos outros” o grupo desfilará com trio elétrico próprio para um grupo de religiosos ligados ao protestantismo  e anglicanismo.

Que as minorias possuem o direito de manifestação e livre expressão isto é fato e a constituição garante. Contudo, o respeito ao universo religioso deve ser uma premissa básica, assim como eles rogam para si o mesmo direito. Embora o manifesto da organização afirme que se apropria do termo com respeito o protesto pode tomar rumos perigosos.

Uma coisa é exigir respeito, outra é lançar mão de pertenças da religiosidade. Ainda mais quando se constata que o  ambiente das paradas gays mais parece um carnaval onde tudo é permitido com  bebedeiras, semi-nudez e outros hábitos que por mais queiram aliar com o  discurso religioso  jamais conseguiriam pois como água e óleo o sagrado e o profano não se misturam quando o objetivo é tolher a liberdade do outro.

Que os gays rezem e tenham sua crença isto também é um direito. No entanto misturar elementos da fé, caro a milhões de brasileiros, como a palavra de Deus a um protesto ao estilo das paradas gays torna-se uma ofensa. Por que não outras vias para o diálogo e a busca da justiça? Por que o afronte?

Com um discurso pretérito, inconsistente e anacrônico o movimento vem falar de “inquisição” em sua carta de intenções ao anunciar o tema da parada como se houvesse uma perseguição dos cristãos aos homossexuais quando todos sabemos que não é verdade. Apenas se quer garantir o direito de expressão e de preservar valores fundamentais à manutenção da sociedade.

Frente às derrotas com a não-aprovação do projeto de  lei 122/2006, a proibição de distribuição do kit-gay e a ascensão do projeto de lei 124/2011 que visa sustar a decisão do STF sobre a união estável, a minoria revoltou-se contra os cristãos que articulam através da bancada política a defesa da família, esta, constituída por um homem e uma mulher como acena a constituição.

No Acre foi denunciado pela mesma bancada cristã o desatino de educadores que trancaram crianças em uma sala de aula para assistir aos vídeos deseducativos do famigerado kit-gay. A esta ditadura católicos e evangélicos dizem não e dentro de seus direitos lutam para que seja preservada a constituição familiar em sua originalidade natural.

Quanto à citação bíblica, esta perde a força quando é tratada fora de seus parâmetros de interpretação. Embora a cultura gay e relativista diga que tudo se pode e qualquer sentimento possa ser considerado sinônimo de amor a tradição não muda e amor tem um sentido mais profundo do que o empregado pela linguagem maquiada ou de protesto.

Aqui cabe muito bem as palavras do senador Cristovam Buarque quando alertou sobre o kit-gay como combate à homofobia, a se ter cuidado para que o remédio não seja dado em dose desproporcional ao que recomenda a bula.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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