Timothy Herrmann
NOVA IORQUE, 20 de abril (C-FAM) Melinda Gates, codiretora da Fundação Bill & Melinda Gates e uma católica, está dizendo aos governos que ignorem a ligação polêmica entre contracepção e controle populacional e explicitamente rejeitem o ensino social católico junto. A retórica dela é parte da nova campanha “Sem Polêmica” de sua fundação multibilionária para reforçar o acesso universal ao controle da natalidade como prioridade no mundo em desenvolvimento.Palestrando numa conferência TedxChange em Berlim, Alemanha, Melinda argumentou que a contracepção tem sido erroneamente associada ao controle populacional, aborto, esterilização forçada e pecado mortal e insistiu em que eles são “problemas secundários” que “se vincularam à ideia central de que os homens e as mulheres têm de ter condições de decidir quando ter um filho”.

Contudo, até mesmo a própria Melinda confessou que durante anos o controle populacional e a contracepção se tornaram sinônimos no mundo em desenvolvimento, com países como a Índia “adotando incentivos infelizes e métodos coercivos como parte de suas campanhas de planejamento familiar” na década de 1960 e mulheres indígenas do Peru sendo “anestesiadas e esterilizadas sem seu conhecimento” em data tão recente quanto a década de 1990.

Embora essas práticas coercivas tenham perdido a popularidade, pode ser muito mais difícil para organizações como a Fundação Gates separarem sua própria promoção da contracepção inteiramente do controle populacional.

Em sua Carta Anual de 2012, a Fundação Gates deduz uma conexão direta entre crescimento populacional “sustentável” e pobreza e coloca a contracepção como uma ferramenta essencial para garantir que “as populações em países como a Nigéria cresçam significativamente menos do que estava projetado”. Até mesmo a história recente mostra que os governos que fazem da redução da fertilidade uma prioridade podem facilmente deslizar para modelos coercivos tais como o que Melinda reconheceu que aconteceu no Peru não muito tempo atrás. O governo dos EUA disse que até mesmo tabelas de metas e tempo para uso contraceptivo são inerentemente coercivas.

Melinda criticou de forma especial a Igreja Católica. Ela acusou o ensino social católico como um obstáculo ao acesso à contracepção no mundo inteiro, declarando que “como católica praticante”, e “na tradição dos grandes acadêmicos católicos”, é “importante questionar ensinos que se recebe”, de modo principal “o ensino que diz que o controle da natalidade é pecado”.

Junto com a Fundação Gates, organizações como o FNUAP culpam convicções religiosas e a associação da contracepção com o controle populacional por criarem uma situação em que mais de 215 milhões de mulheres no mundo em desenvolvimento experimentam o que chamam de “necessidade não atendida” de contracepção. Eles definem “necessidade não atendida” como “mulheres e homens que dizem que não querem mais filhos ou querem adiar seu próximo nascimento para mais de dois anos, mas não estão praticando a contracepção”.

Contudo, afirmar que as mulheres que não querem filhos imediatamente e que relatam não usar contracepção como em “necessidade” de contracepção é enganoso, conforme foi mostrado num estudo histórico elaborado pelo economista Lant H. Pritchet, atualmente professor da Prática do Desenvolvimento Internacional na Universidade de Harvard.

O estudo revela que o acesso à contracepção tem pouco efeito na fertilidade e que as mulheres terão o número de filhos que escolherem quer tenham acesso à contracepção ou não. O estudo também explica que fatores tais como aversão aos efeitos colaterais da contracepção e objeções religiosas são exatamente tão importantes quanto o custo e disponibilidade da contracepção.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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