papaAPARECIDAPadre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, assinalou que o documento final da V Conferência Episcopal da América Latina e Caribe (Celam), conhecido como “Documento de Aparecida”, oferece chaves para entender temas relacionados à Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro. O tema da conferência era “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que neles nossos povos tenham vida”. Papa Francisco, então cardeal de Buenos Aires, coordenou os trabalhos do grupo que responsável pela elaboração do texto final, reunindo as contribuições dos membros da Igreja da América Latina. O documento foi aprovado no Santuário de Aparecida em 29 de maio de 2007 e está dividido em cinco partes: “Jesus, caminho, verdade e vida”, “Chamados a seguir Jesus”, “O envio missionário da Igreja”, “Discípulos missionários a serviço da vida” e “Um continente de vida, amor e paz”.

 

A dimensão missionária

O documento de Aparecida indica claramente a opção missionária da Igreja na América Latina. Dimensão esta também presente no lema da Jornada Mundial da Juventude: “Ide e fazei discípulos em todas as nações” (Mt 28:19).  Assim como o Documento de Aparecida, a  JMJ é um convite a viver com coerência a fé, o pertencimento à comunidade cristã “em um mundo que promove o consumismo e desfigura os valores que dignificam o ser humano”. O documento, como la JMJ, convoca a todos a não ficarem de braços cruzados – assim nos lembrou Papa na sua chegada ao Rio de Janeiro, ao declarar que gostaria de falar para toda a sociedade porque os jovens não são uma categoria em si mesmo, mas são parte da sociedade. Ser misssionário é, sobretudo, “ser divulgador de Jesus Cristo com criatividade e audácia em todos os lugares em que o Evangelho não foi suficientemente anunciado e acolhido, em especial, nos ambientes difíceis e esquecidos nas fronteiras mais distantes”.

Dessa forma, aparece claramente a atenção aos excluídos da cidade e da sociedade, como se refere Papa Francisco. O documento de Aparecida e a Jornada Mundial da Juventude se opõem a uma cultura de desperdício e de exclusão. A JMJ é uma demonstração latente da cultura de inclusão e encontro, de respeito pela criação, como mostra a diversidade social e cultural presente entre os jovens que participam da JMJ no Rio de Janeiro.

A dimensão social

A exigência missionária do documento de Aparecida é um convite dirigido ao cristãos do continente para serem atores e protagonistas da construção de um mundo mais justo e solidário. O documento evidencia a diferença entre ricos e pobres no continente e sugere uma opção preferencial e evangélica pelos pobres. A Igreja da América Latina está plenamente mobilizada a promover uma cultura de paz e honestidade contra as mais distintas formas de violência, enriquecimento ilícito e corrupção e, também, contribuir para o desenvolvimento sustentável baseado na distribuição justa da riqueza e dos bens em toda a sociedade.

Os diferentes eventos da Jornada Mundial da Juventude são uma amostra do empenho da Igreja na defesa de todos os mais desfavorecidos, os enfermos, os deficientes, os jovens em risco, os presos e os imigrantes. Destaque, por exemplo, para a visita do Papa Francisco ao Hospital de São Francisco e à comunidade de Varginha, além do encontro com jovens detentos.

A Jornada Mundial da Juventude traduz o empenho da Igreja em garantir o direito dos povos de defender e promover “os valores em todos os estratos sociais, especialmente os povos indígenas”, como também propõe a riqueza e variedade cultural encontrada no Festival da Juventude. Em resumo, a JMJ é uma celebração de vida e paz, de justiça e de esperança e constitui uma expressão prática da mensagem de Aparecida.

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Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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