Os bispos do Ceará estão reunidos desde o dia 18 de novembro no segundo encontro anual do Conser – Conselho Episcopal Reigonal, em Fortaleza. Entre os temas abordados está a convivência com o semiárido.
O conselho atualizou a “Declaração Sobre o Atual Momento e Seca no Ceará” e o apresentou à imprensa na manhã desta quarta-feira. “ Foi esta a forma que encontramos de chamar a atenção do Governo, pois o mesmo documento, elaborado em maio deste ano, foi apresentado às autoridades naquele período, mas não houve retorno”, disse o presidente do Conser, Dom José Haring , bispo da Diocese de Limoeiro do Norte.
No documento elaborado pela comissão e especialistas na lida com o semiárido, consta uma relação de 29 propostas de ajuda à convivência com a seca. Destas, sete são emergenciais, entre elas: abastecimento imediato e contínuo das cisternas com água tratada distribuída gratuitamente pelas empresas públicas estaduais e municipais de abastecimento de água, ampliação da oferta do milho subsidiado e renegociação das dívidas agrícolas dos agricultores familiares.
A proposta estruturante do item “x” da lista dos bispos sugere a revogação da mensagem enviada à Assembleia Legislativa pelo senhor Governador do Estado, que reduziu em 50% a taxa sobre o uso de água para as empresas de Eike Batista.
“A seca não é novidade. É um problema político. Costumamos dizer que a estiagem tem causa natural, já a seca, política”, disse o bispo de Sobral Dom Odelir José Magri. Até no Vale do Jaguaribe, considerado o paraíso do Ceará pela abundância de água, a seca já assola comunidades, lembrou Dom Haring.
Na conclusão dos líderes católicos falta priorização no combate à seca. “A meta do Governo para o estado é a industrialização. O que não está dentro disso fica em segundo plano”, avaliou o filósofo Manfredo Ramos, assessor do encontro. “Há medidas do Governo como a construção da barragem de Orós. Vemos que quando se quer, se faz. O canal do trabalhador foi construído em 90 dias. A pergunta que deixamos é por que não é uma prioridade o combate à seca?”, lembrou Dom Haring.
Além das ações emergenciais é preciso o investimento em programas de construção de tecnologias sociais que permitem a captação e
armazenamento de água, não somente nos períodos de estiagem. “As Cáritas Diocesanas desenvolvem junto à população algumas técnicas de retenção da água da chuva. Além das cisternas de placas, existem as cisternas calçadão, as subterrâneas, as casas de sementes e os quintais produtivos. São pequenas ações com efeitos sociais significativos”, explicou Dom Antonio Cavuto, Bispo da Diocese de Itapipoca. “Se o Governo investisse nestas pequenas ações teríamos um impacto inclusive na economia, pois se melhorarias as condições da agricultura familiar”, concluiu o bispo.
Dom João Costa, Bispo de Iguatu, avaliou o encontro como positivo. “O Conser é sempre uma oportunidade de nos encontrarmos com os bispos, líderes de pastorais das dioceses do Reigonal. Estamos passando por um tempo de crise por conta da longa estiagem e apresentamos para as autoridades estas aspirações do nosso povo. Também refletimos sobre o documento “Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia” que está sendo elaborado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –CNBB”.
Campanha
Dom João aproveitou a ocasião para lançar a Campanha Natal Solidário da Diocese de Iguatu que tem como lema “tive sede e me deste de beber, tive fome e me deste de comer”. A ação consiste na arrecadação de donativos e doações para a compra de água que favorecerá às 32 comunidades atingidas diretamente pela seca naquela região. “Oito mil pessoas serão beneficiadas pela Campanha”, disse o bispo.
A conta para doações é:
Fundação Dom José Mauro
Caixa Econômica Federal.
Agência: 613. 003
Conta Corrente: 2528-0
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