Para quem não conhece Frei Betto é um dos mais aguerridos cabos eleitorais de Lula, Dilma e o PT como um todo, partido que conhece desde os inícios e ajudou a fundar. O frade chegou a ganhar uma sala no Palácio da Alvorado no mesmo andar do então presidente, seu orientando espiritual. Após o primeiro governo, Betto chegou a criticar o Partido dos Trabalhadores, mas logo voltou atrás. Nestas eleições empunhou a bandeira de Dilma e quando pôde declinou todo seu afã pelo comunismo e socialismo. Conta-se que o tal frei foi um dos criadores do Foro de São Paulo.

Frei Betto.

Frei Betto.

Pois bem, Betto, junto com Leonardo Boff, também conhecido como teólogo da corte, estiveram em visita à presidente Dilma Roussef, nesta semana. Boff garantiu ao O Globo que Dilma passará a ter mais contato com os movimentos sociais no novo Governo.  Estaria Dilma tão desocupada para receber estes dois senhores que trocaram a fé católica por um arranjo de doutrinas socialistas e Bolivarianas? Parece que sim.

Mas vamos justificar o título da postagem. Frei Betto é um teólogo tão bom, tão bom, mas tão bom que encontrando algumas imperfeições na oração de Cristo resolveu fazer a sua própria versão do Pai-Nosso. Ela foi apresentada na frente do ex-presidente Lula, durante o aniversário de Maria Amélia Buarque.

Preparem o estômago que aqui vou publicizar a peça declamada e aplaudida pela elite petista no AP de Ana Amélia:

Pai-nosso que estais no céu, e sois nossa Mãe na Terra, amorosa orgia trinitária, criador da aurora boreal e dos olhos enamorados que enternecem o coração, Senhor avesso ao moralismo desvirtuado e guia da trilha peregrina das formigas do meu jardim,

Santificado seja o vosso nome gravado nos girassóis de imensos olhos de ouro, no enlaço do abraço e no sorriso cúmplice, nas partículas elementares e na candura da avó ao servir sopa,

Venha a nós o vosso Reino para saciar-nos a fome de beleza e semear partilha onde há acúmulo, alegria onde irrompeu a dor, gosto de festa onde campeia desolação,

Seja feita a vossa vontade nas sendas desgovernadas de nossos passos, nos rios profundos de nossas intuições, no vôo suave das garças e no beijo voraz dos amantes, na respiração ofegante dos aflitos e na fúria dos ventos subvertidos em furacões,

Assim na Terra como no céu, e também no âmago da matéria escura e na garganta abissal dos buracos negros, no grito inaudível da mulher aguilhoada e no próximo encarado como dessemelhante, nos arsenais da hipocrisia e nos cárceres que congelam vidas.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje, e também o vinho inebriante da mística alucinada, a coragem de dizer não ao próprio ego, o domínio vagabundo do tempo, o cuidado dos deserdados e o destemor dos profetas,

Perdoai as nossas ofensas e dívidas, a altivez da razão e a acidez da língua, a cobiça desmesurada e a máscara a encobrir-nos a identidade, a indiferença ofensiva e a reverencial bajulação, a cegueira perante o horizonte despido de futuro e a inércia que nos impede fazê-lo melhor,

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e aos nossos devedores, aos que nos esgarçam o orgulho e imprimem inveja em nossa tristeza de não possuir o bem alheio, e a quem, alheio à nossa suposta importância, fecha-se à inconveniente intromissão,

E não nos deixeis cair em tentação frente ao porte suntuoso dos tigres de nossas cavernas interiores, às serpentes atentas às nossas indecisões, aos abutres predadores da ética,

Mas livrai-nos do mal, do desalento, da desesperança, do ego inflado e da vanglória insensata, da dessolidariedade e da flacidez do caráter, da noite desenluada de sonhos e da obesidade de convicções inconsúteis,

Amemos.

About the Author

Vanderlúcio Souza

Padre da Arquidiocese de Fortaleza. À busca de colaborar com a Verdade.

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