Eu sou um profundo admirador da arte, e tenho certeza que ela faz toda a diferença na vida daqueles que a tem como algo verdadeiramente importante na vida. Vou fazer uma pequena reflexão sobre isso a partir de um trecho de uma entrevista feita com o grande poeta brasileiro Ferreira Gullar.
Eu gostaria de reafirmar tudo isso aqui porque estamos vivendo uma época em que os valores culturais vêm sendo substituídos pelo entretenimento. A mídia transforma tudo em entretenimento. O único valor que existe é a notícia, a novidade sob forma de notícia. E isso é uma ameaça ao ser humano porque esse pessoal jovem que está sendo manipulado pela mídia não se preocupa, em sua formação literária, com a experiência do que seja a obra de arte, que não é uma realização gratuita, mas uma necessidade profunda do ser humano. E o que acontece? Acontece que, quando se esgota o mito da juventude e o sujeito já não tem mais como pular o rock na praia de Ipanema, quando acaba tudo isso e ele começa a “bater pino”, não tem para onde se voltar porque lhe falta a verdadeira experiência da arte.
Ferreira Gullar
Estas são palavras muito verdadeiras e atuais. Realmente estamos vivendo uma época em que os valores culturais vêm sendo substituídos pelo entretenimento, e isso tem feito as pessoas nivelarem suas referências, gostos e hábitos por baixo. As pessoas não estão mais buscando a excelência, e acredito que o gosto pela arte pode apurar todos os nossos sentidos, desejos, escolhas, produtividade etc. Para alguns pode até parecer que não, mas a arte tem esse poder de nos fazer evoluir para além das nossas expectativas, tomo por mim, quanto mais me encanto com a arte e suas belezas, mais criativo me torno, mais produtivo e mais feliz também.
Mas a mídia extremamente manipuladora e influenciadora tem levado cada vez mais a população a se tornar CONSUMISTA, gastando seu precioso tempo com compras e com entretenimentos que não instigam a arte, mas apenas o sedentarismo, a preguiça, os maus hábitos, o isolamento etc. Isso que estou falando aqui é muito sério e precisa-se dar a devida atenção. Se eu perguntar a um adolescente quando foi a última vez que ele foi ao teatro, ou a uma exposição de quadros, um museu, um circo, uma orquestra… provavelmente vou ter como resposta que “nunca foi” ou que não vai “há anos”, e isso pode trazer consequências terríveis, e uma delas está muito bem dita pelo poeta Ferreira Gullar neste trecho da entrevista, que é a não vivência da verdadeira arte, e o que é a não vivência senão um tempo que não volta? Ou seja, um tempo perdido?
Depois de passada a adolescência e o tal mito da juventude vai restar o quê? LAMENTAÇÕES. Os jovens vão fazer como diz o grande Jorge Luís Borges: “Eu fui uma desta pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto de minha vida. Eu era uma destas pessoas que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo…”.
Você quer ser esse cara “certinho”, vivendo sensata e produtivamente cada minuto de sua vida? E chegar à velhice como quem nunca viveu? Eu não quero e estou aqui hoje para lhe fazer refletir sobre isso. Busque a arte, a verdadeira arte, essa que enche o seu coração de alegria, de poesia, de música, de cantos, de risos. Essa arte fará de você um ser humano magnífico, e por incrível que pareça, bem melhor em todos os outros aspectos, social, amoroso, profissional e financeiro. Experimente e veja os resultados na sua vida…
* Para ouvir a leitura desse texto basta clicar [aqui]
Isaias, concordo com sua reflexão e acredito que estamos caminhando no sentido do atraso, para o lixo cultural, do vazio existencial e principalmente da ignorância. Tudo passa pela Educação, assunto que ultimamente tenho me recusado a discutir… porque percebo que passa pela vontade ou interesse político dos Poderes ou classes dominantes. Com disse Paulo Freire:
“Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”.
Precisamos continuar acreditando que é possível a mudança, influenciar as pessoas para que saiam das massas e passem a ter consciência da sua essência.
Exatamente Ricardo. O Paulo Freire foi um dos maiores educadores do Brasil. Ele dizia que o Brasil não vai colocar a educação como prioridade porque ela liberta o ser humano e retira suas prisões e medos. Um ser humano educado valoriza o simples, o essencial, o artístico. Com isso se torna mais consciente, menos manipulável e consequentemente não enriquece ainda mais os que já são ricos.
É uma dura realidade, mas é assim que acontece. Porém, podemos pouco a pouco lançar uma sementinha que pode florescer e fazer esse país crescer em todos os sentidos.
Valeu!