Foto: Divulgação

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A banda cearense Siege Of Hate, ou simplesmente S.O.H, será mais uma atração do primeiro dia do Festival Ponto.CE, que acontece nesta sexta-feira, 7, e no sábado, 8, na Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Nome importante do cenário local e já bastante conhecida pelo público nacional e até internacional, a banda S.O.H já é considerada um dos nomes principais da música extrema brasileira.

O vocalista e guitarrista do grupo, Bruno Gabai falou com o Ceará & Rock sobre a história da banda, a expectativa pela apresentação no Ponto.CE, turnês pela Europa e sobre o cenário local. Confira:

Ceará & Rock: Gostaria, a princípio, que você fizesse uma apresentação da banda, falar sobre tempo do grupo, integrantes, influências, como surgiu etc…

Bruno Gabai: A banda foi criada por mim e o Amaudson Ximenes, em 1997, como um projeto paralelo às bandas Insanity e Obskure, que eram nossas bandas principais da época. Queríamos resgatar o velho Grindcore, que estava esquecido na época. Queríamos também chocar, tocando o mais extremo dos estilos, quando só rolava Punk Rock melódico, Grunge e Rapcore nova-iorquino. A formação se estabilizou somente em 2003, após o lançamento do nosso primeiro CD, Subversive by Nature, comigo nos vocais e guitarra, Ricarte Neto na guitarra e 2º vocal, George Frizzo no baixo e Saulo Oliveira na bateria. Em 2009, o Neto foi morar no Canadá. Daí foi substituído temporariamente pelo Fábio Morcego, que saiu no início de 2013, quando decidimos permanecer como trio: eu, o Frizzo e o Saulo. As principais influências sempre foram antigas bandas de Grindcore, Death Metal, Crossover e Hardcore “Old School”, como Napalm Death, Extreme Noise Terror, Death, D.R.I., Ratos de Porão, Discharge, Nuclear Assault, mas não limitado a isso, pois o que a gente ouve e gosta, acaba influenciando, seja Thrash, Punk, Black, de Sepultura e Sarcófago a Sex Pistols e Dead Kennedys.

C&R: Como a banda enxerga essa apresentação no Ponto.CE

BG: Ficamos muito felizes de termos sido convidados a participar desse grande festival que é o Ponto CE. Já o acompanhamos desde o início e ainda não tínhamos tido a oportunidade de participar. É, sem dúvida, um dos maiores festivais de música independente do Brasil, atualmente. E a noite pesada dessa edição, em particular, vai ser destruidora, pois dividiremos o palco com grandes nomes da cena nacional como o Mukeka di Rato e o Matanza e nossos amigos conterrâneos do Facada.

C&R: Sobre o cenário local, vocês têm notado evolução nos músicos, nos produtores e, principalmente, no publico local?

BG: Sem dúvida! Eu sempre falei que acho a cena da música pesada aqui do Ceará uma das melhores do Brasil. A qualidade e a energia das bandas é indiscutível e, na minha opinião, muito superior à maioria das bandas dos grandes centros como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília. E as bandas daqui estão cada vez mais crescendo lá fora, inclusive encarando turnês nas outras regiões do país e mesmo no exterior. A produção também evoluiu muito, tanto na organização de eventos, inclusive com bastantes eventos internacionais nos últimos dez anos, mas também nos eventos locais, como é o caso de festivais como o Ponto CE, o ForCaos, o Rock Cordel, a Mostra Petrúcio Maia e outros. E isso se reflete no público, que vai crescendo de número e também exigindo mais qualidade dos músicos e das produções. Sinto falta, no momento, apenas de mais locais de shows na cidade que abram espaço para as bandas e público de Rock pesado, pois é um mercado perene, independente de modas, e crescente. Fica aqui o recado para que deem espaço a novas oportunidades.

C&R: Vocês lançaram o álbum ‘Animalism’, que é um trabalho incrível. Como foi o processo de criação e produção dele? Em geral, como funciona o processo de criação da banda.

BG: Ficamos bastante satisfeitos com a repercussão que “Animalism” tem tido. É o nosso 4º lançamento oficial. O processo de produção do disco foi dentro da nossa rotina normal, sendo que este é o primeiro registro da banda em que todas as composições são minhas. Um fato importante é que o projeto deste CD teve o apoio do Programa Cultura da Gente, do Banco do Nordeste, o que, por um lado, deu um ânimo especial para este trabalho, mas por outro, nos colocou uma certa pressão de que cumpríssemos um prazo para concluí-lo e que tivesse a melhor qualidade possível. As músicas foram compostas entre 2011 e 2012, quando todos trabalhamos nos arranjos, durante os ensaios. Gravamos entre agosto e dezembro de 2012, finalizando a mixagem e masterização no  início de janeiro de 2013. A arte da capa e encarte foi desenvolvida pelo nosso baixista e artista oficial da banda, George Frizzo, e finalmente o CD ficou pronto no final de maio de 2013.

C&R: Vocês já fizeram algumas turnês pela Europa. Se não me engano, a última em outubro de 2013. Como são programadas essas turnês? Qual a importância delas para a banda? Como elas ocorrem? Que tipo de situação vocês vivem? Há boas histórias delas, que possam ser compartilhadas?

BG: Fizemos duas turnês na Europa, sendo uma em 2009, com 16 shows em 07 países — Portugal, Alemanha, Rep. Tcheca, Áustria, Eslovênia, Itália e França — e a outra em outubro do ano passado, com 12 shows em 06 países – Alemanha, Holanda, Bélgica, França, Espanha e Itália. Essas turnês são, sem dúvida, um teste para a banda se avaliar se deseja seguir com profissionalismo ou se é apenas diversão, pois é um ritmo intenso, com shows quase todos os dias, pouco tempo de descanso, compromisso com horários, bastante equipamentos e material para administrar (inclusive venda de merchandising), muitos km de estrada e há shows bons e shows ruins. A primeira turnê foi totalmente “Do It Yourself”. Organizei sozinho utilizando contatos de bandas amigas, por e-mail e MySpace (na época), tive que dedicar uns seis meses de contatos praticamente toda a noite até fechar tudo, mas não foi tão difícil e até valeu a pena. Daí, alugamos o equipamento (backline completo) e uma van de um amigo do George na Alemanha, tiramos carteira de motorista internacional e nos revezamos na direção, juntamente com um amigo alemão do selo que distribuía nosso CD na Europa. Na segunda, resolvemos contratar um serviço de booking (Roadmaster) para fazer tudo isso por nós. Não valeu a pena, pois embora tenhamos tido bom resultados em termos de divulgação, foi um custo bastante alto para termos uma turnê com basicamente a mesma estrutura e repercussão da primeira. Na nossa opinião, somente vale a pena contratar serviços de booking se for para acompanhar uma banda de maior porte ou com participação garantida em grandes festivais. Mas a parte boa é termos contato com a cena underground Punk/HC e Metal de muitos países, com público e bandas, conhecer novos lugares e culturas e se inserir num universo de infinitas novas bandas que circulam por lá todos os dias. Percebemos que, apesar de algumas nuances e diferenças existentes entre os países e mesmo entre o velho mundo e o Brasil, todos somos muito parecidos na atitude, na postura perante a sociedade e na vibração pela música, o que ultrapassa as fronteiras de raça, língua, religião ou regime político, de forma que sempre fomos muito bem recebidos e respeitados em todos os países, sem qualquer tipo de discriminação.

C&R: Quais os seus projetos? Já trabalham em um álbum?

BG: Na verdade, temos vários projetos em andamento. Estamos preparando uma versão em LP (vinil) de “Animalism” com quatro faixas bônus, a ser lançado no início do ano que vem. Também em vinil, será lançado um 7” EP (ou compacto), “Brave New Civil War”, com 05 músicas inéditas. Planejamos ainda para 2015 o lançamento de um CD ao vivo, gravado na última turnê europeia e, por fim, o George está finalizando um livro sobre essas duas turnês (com colaboração do Lucas Gurgel, da Clamus, que viajou conosco as duas vezes), onde contamos com bastante detalhes como foi essa experiência das primeiras turnês de uma banda underground brasileira no velho continente.

C&R: Pra finalizar, falar sobre a agenda da banda e mandar um recado para os leitores. E nos envia o link do vídeo em que vocês convidam o público para o Ponto.CE

BG: Além do Ponto CE, nesta sexta feira (07/11), também tocaremos no domingo (09/11) no Festival Do Sol, em Natal/RN, e no dia 22/11 (sábado) no III Festival Cuca Independente, no Cuca do Jangurussu. Esperamos ver toda a galera que curte Metal, Hardcore, Grind e Rock em geral nesses eventos (que são gratuitos!), para mostrar que a cena Rock aqui do Nordeste é muito mais forte do que pensam por aí. E queremos agradecer ao blog Ceará & Rock por mais esse espaço de divulgação do Rock na rede e na mídia!  ENJOY YOUR LIFE AND GRIND!!!

Para saber detalhes da programação do festival e sobre troca de ingressos, clique aqui.

Bruno Gabai convida público para o Ponto.CE:[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=e0RtflX6DdM[/youtube]

 

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Ronnald Casemiro

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