Com apenas três discos gravados, Maria Rita Camargo Mariano já trilhou o caminho sofisticado do jazz, rodou o mundo num trabalho dedicado ao samba e ganhou porte de estrela. Hoje com 33 anos, ela volta ao estilo econômico e vem a Fortaleza apresentar, em único show esta noite no Siará Hall, um resumo dos seus sete anos de carreira mais algumas novidades.

Sem nome, o novo show de Maria Rita estreou no meio deste ano na intimista casa paulista Tom Jazz. Em meio a uma disputada agenda profissional, ela só adianta (via assessoria) que o novo espetáculo “tem a canção como foco e a voz como mais um instrumento em cima do palco”. Isso já demonstra sua vontade de se voltar para aquele início onde, ainda desconhecida, se apresentava em pequenos palcos e era sempre apontada como “a filha da Elis Regina”.

Para o retorno a estas raízes ainda nem tão profundas, ela se cercou dos músicos que a acompanham desde sua estreia. São eles Sylvinho Mazzucca (baixo acústico), Tiago Costa (piano) e Cuca Teixeira (bateria, este à partir de Segundo). O repertório que ela vem apresentando passa por canções dos seus três trabalhos. Da estreia, em 2003, a espirituosa Pagu, de Rita Lee e Zélia Duncan, e o sambinha Cara valente, do hermano Marcelo Camelo. De Segundo, 2005, entram o rock Muito pouco, inspirada composição de Paulinho Moska, e Conta outra, composição de Edu Tedeschi que (me desculpe, Maria Rita, mas) lembra muito os melhores momentos de Elis. De Samba meu, disco de 2007 voltado para quem não é doente do pé, ela traz Cria (Cesar Belieny/Serginho Meriti) e Num corpo só (Arlindo Cruz/ Picolé).

Mesmo sem trabalho novo em vista e sem a pretensão de transformar esta apresentação em disco ou DVD, ela tem levado ao palco algumas canções até então inéditas em sua voz. Pra abrir, ela tem escolhido Conceição dos coqueiros, composição de Lula Queiroga já gravada por Elba Ramalho. Outras escolhidas foram Só de você, da dupla Rita Lee e Roberto de Carvalho (canção que inspirou Feliz, gravada em Segundo), e A história de Lily Broun, pérola de Chico Buarque e Edu Lobo lançada por Gal Costa no musical “O grande circo místico”.

Para quem não conhece os primeiras gravações de Maria Rita, sua estreia como cantora foi no palco e no disco com Chico Pinheiro. Cantor, compositor, arranjador e músico paulista, ele estreou em 2003 com o disco Meia noite Meio dia (Sony) e contou com a participação de gente de peso como Lenine, Chico César e Ed Motta. Maria Rita comparece com três faixas, duas delas apresentadas abaixo. Em seguida a cantora foi uma das convidadas do disco Pietá, de Milton Nascimento. Todo dedicado à voz feminina Pietá conta ainda com Simone Guimarães e Marina Machado. Rita divide com o mineiro Tristesse, Voa Bicho e Vozes do vento, esta última num número coletivo. Por fim, segue mais um brinde com ela cantando no disco Aula de Samba (Biscoito Fino), com 12 faixas dedicadas a fatos históricos. Maria Rita canta Heróis da Liberdade, de Mano Décio, Silas de Oliveira e Manoel Ferreira.

Tristesse


Voa Bicho


Encontro


Heróis da Liberdade


Cais dos Olhos

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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