Marku Ribas é uma figura curiosa no meio musical brasileiro. Mineiro de Pirapora, ele já se dedica quase há cinco décadas à música, conheceu Bob Marley, gravou com Mick Jagger, e por aqui pouca gente o conhece. Talvez, hoje, seu trabalho mais popular seja o trechinho de Zamba Bem sampleado por Marcelo D2 em A maldição do samba. Pois este jovem senhor de 63 anos é autor de alguns poucos discos que têm como principal característica um ritmo marcado no violão que faz qualquer um sentir vontade de dançar. Pra quem não acredita, uma boa dica era ter visto Marku nos palcos do Centro Cultural BNB e do Amici’s no fim do mês passado. Acompanhado apenas por bateria, guitarra e baixo, ele apresentou um repertório totalmente desconhecido e ainda assim contagiou quem estava por ali. Nem Zamba Bem, seu clássico mais conhecido, precisou entrar no set list para ganhar a plateia. Os shows foram feitos sobre as canções de 4 loas (Tratore), seu mais novo trabalho que traz 11 canções compostas pelo próprio Marku que têm como tema principal a mulher. Do começo ao fim do disco, o que é certo é que Mr. Ribas é cantor, compositor e músico primoroso. Logo na primeira, Aurora da revolução, fica claro que, quanto mais o tempo passa, mais ele apura o ritmo e a voz que passeia bem por graves e agudos. A sincopada Querobem querubim, parceria com Arnaud Rodrigues – outro excelente compositor que foi eclipsado pelo seu trabalho como humorista -, é outro bom exemplo do bom cantor que ele é. Algumas letras de 4 loas trazem situações curiosas que merecem destaque. Em Sambatema e Aristoporindé elas são meros apêndices para complementar a força do gingado melodia. Já no ótimo rock Bervely Help ela tem um valor duplo importante: o primeiro é contar a história real de um assassinato em Bervely Hills nos anos 60; a segunda é demonstrar a interpretação teatral do cantor-ator. 4 loas abre espaço também para melodias doces como as bossas Doce Vida e Altas horas (parceria com Luizão Maia). E encerra com a introspectiva e viajante Ce pas pour ça, composta em francês só pra reafirmar a versatilidade do rapaz.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles