Por Mariana Toniatti

O astral de Jericoacoara é sempre lá em cima, mas no último fim de semana estava ainda mais especial. A quarta edição do Festival Jeri Eco Cultural, que mistura música e moda, fez uma galera enfrentar as quatro horas de viagem para chegar na sexta-feira e ir embora no domingo satisfeitíssima de ter encarado o estirão. O fim de semana foi bom demais.

Na sexta-feira, abrindo os trabalhos, a banda Tow In, que costuma tocar no Órbita, em Fortaleza, embalou o pessoal que ia chegando. O palco, que começou a ser montado na segunda-feira, ficava na praia, bem em frente à rua principal. Iluminação e som perfeitos, sem falar no visual do lugar. Enquanto a banda tocava, um desfile mostrava peças produzidas pelas artesãs locais.
As crocheteiras de Jeri e de praias da região participaram de duas oficinas promovidas pelo festival durante a semana passada. Uma delas foi com a consultora de moda Chiara Gadaleta, que apresentava o programa Tamanho Único, no GNT, e mantém o blog S.S.E – Ser Sustentável com Estilo. Chiara deu uma oficina sobre biojoias, utilizando materiais recicláveis, pedras e técnicas artesanais e ainda estava por lá no fim de semana para curtir os shows de sábado.
A cantora Céu, que ia abrir a noite, nem chegou em Jeri. Foi a notícia ruim do fim de semana. Ainda no fim da tarde, a organização do evento anunciou que ela estava doente, afônica, com febre alta e não poderia se apresentar. A noite então começou com a banda Eddie, de Pernambuco. O show foi bom, mas o público parece que estava esperando mesmo por Mundo Livre S.A, também de Recife. 

Fred 04, tímido durante o dia, caminhando na praia com sua blusa vintage do Flamengo, chapeuzinho de palha, óculos enormes e rosto pro chão, era só atitude à noite no palco, já depois de meia noite. Solos nervosos de cavaquinho, uma música na outra, pouca falação, 04 estava rock and roll. Abriu do jeito de sempre com Free World, tocou clássicos do primeiro CD como A Bola do Jogo e O rapaz do Bonezinho Preto e instigou a galera, “Agora é a hora da cotovelada”, antes de Concorra a um carro.

Para os namorados e casais – e eles eram muitos em Jeri -, tocou Meu Esquema. No bis, ao lado da banda Eddie, Fred 04 lembrou Chico Science. “Ele nos viu ensaiando essa música e gravou. A gente esqueceu de botar no primeiro CD e gravou depois”. Era Computadores fazem Arte. Foi mais ou menos uma hora e meia de show, mas o povo foi embora achando que tinha sido pouco. É porque foi muito bom!

* Mesmo sem poder vir a Fortaleza, Céu conversou com o jornalista Por Pedro Rocha (pedrorocha@opovo.com.br e @pedroearocha) sobre o cenáro musical e sue futuros projetos. Acompanhe:

DISCOGRAFIA – Você já cantou com Otto e lançou o Sonantes, com Pupillo e Dengue do Nação Zumbi. No próximo sábado, dividirá a noite com outras duas bandas pernambucanas, Eddie e Mundo Livre S.A. Vai combinar algo com Fábio Trummer e Fred 04?
Céu –
Adoro Eddie e Mundo Livre, sou fã e já fui a varios shows deles. Porém, nesse show de agora, não preparamos nada específico. É difícil a galera se juntar, todo mundo viajando, correndo. Mas, de minha parte, nada impede de algum dia fazermos algo juntos! Seria muito bom.

DISCOGRAFIA – Sua repercussão no exterior sempre foi de muito destaque, seja na Europa ou nos Estados Unidos. Entre as parcerias, gravou inclusive com Herbie Hancock. Algum novo projeto em vista lá fora?
Céu –
A princípio nada de parceria em vista que já esteja confirmada. A única coisa certa é que estou voltando pra Europa agora no início de Julho pra mais uma tour de divulgação do meu último disco, Vagarosa.

DISCOGRAFIA – Existe uma geração riquíssima de jovens cantoras brasileiras. Você já citou no blog, por exemplo, sua admiração pela música de Bárbara Eugênia e já cantou ao lado de Anelis Assumpção. Quem mais você está ouvindo hoje?
Céu –
Dessa geração que ta tocando hoje eu ouço e curto muito a Karina Buhr, a Tulipa, Cibelle, Vanessa, fora as acima citadas, Barbara, Anelis… Nossa, tem muita gente boa!

DISCOGRAFIA – Hoje em dia é de praxe perguntar sobre a gestão da ministra Ana de Holanda e as políticas culturais no país. Você tem acompanhado as discussões sobre o assunto? Essas questões políticas de alguma forma afetam suas produções?
Céu –
Pois é… Me surpreendi com a postura conservadora da ministra em relação a reformulação da lei de direitos autorais. Não sou tipo que acredita em tudo que sai impresso na mídia, mas se assim for é realmente chocante. Uma medida tão necessária nos dias de hoje. E tambem teve aquela história de se opor a fiscalização do Ecad. Pra ser profissional em música tem que amar muito a coisa mesmo, viu?

DISCOGRAFIA – Já se vão dois anos do lançamento de Vagarosa. O que planeja para o segundo semestre deste ano?
Céu –
Planejo o ínicio das gravações do meu terceiro disco, que saíra provavelmente ano que vem. To animada com isso.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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