Paul McCartney lançou, sozinho, em 1970 um disco que certificou a morte dos Beatles e dez anos mais tarde pôs fim à aventura de seu grupo Wings com outro álbum como solista. Nesta terça-feira, esses dois trabalhos de ruptura voltam às lojas, em versões remasterizadas e com material extra.

O álbum McCartney, lançado originalmente em abril de 1970, foi enviado à imprensa acompanhado de uma entrevista na qual Paul confirmava um boato recorrente: os Beatles não voltariam a tocar juntos.

Após a gravação de Abbey Road, em 1969, quando a dissolução do grupo era inevitável, McCartney se refugiou em uma fazenda da Escócia com a esposa Linda e começou a gravar as músicas de seu primeiro trabalho solo.

O resultado foi um álbum minimalista, completamente distinto da grandiosidade do trabalho final dos Beatles, no qual McCartney tocava todos os instrumentos e Linda auxiliava nos vocais – além de transformar a artística foto da capa em um ícone pop.

Paul retornou aos estúdios de Abbey Road para completar algumas músicas do disco, como a monumental Maybe I’m Amazed, considerada uma das melhores canções de sua carreira solo.

Mas a maioria das músicas de McCartney é acústica (Every Night e Junk), algumas delas instrumentais, com as quais Paul tentava escapar da enorme sombra dos Beatles e se mostrar um músico completo.

Apesar da ousada proposta, o álbum alcançou o primeiro posto das listas norte-americanas – no Reino Unido foi ‘apenas’ o número dois – e passados mais de 40 anos permanece como um dos trabalhos mais brilhantes do músico britânico.

McCartney retorna agora ao mercado com som remasterizado que devolve o frescor a canções básicas, limpas e sem a pretensão de concorrer com os clássicos que Paul assinou com John Lennon. A nova edição inclui um CD com takes alternativos e versões ao vivo, além de um DVD que narra a história da gravação do disco.

Com o tempo, McCartney voltaria a compor canções mais ‘comerciais’ e emendaria uma longa série de sucessos com uma banda de acompanhamento, o Wings, formada com Linda e o guitarrista Denny Laine, durante os anos 1970.

Com o Wings, Paul recuperou o prazer de tocar ao vivo – algo que não fazia desde 1966 quando os Beatles abandonaram os palcos -, mas em 1980 se cansou da aventura e voltou a se fechar em casa para, de novo, trabalhar sozinho.

McCartney II voltava a ter o caráter experimental de seu antecessor, mas seu som era completamente diferente. Paul abusou dos sintetizadores que começavam a fazer a cabeça dos músicos naquela época.

Não se esqueceu de incluir um sucesso, o single Coming Up, que abria um álbum com o qual voltou a ser número um no Reino Unido – desta vez ficou na terceira posição nos Estados Unidos. A remasterização não conseguiu apagar os efeitos enfadonhos dos sintetizadores em McCartney II, mas o disco oferece joias como On The Way.

O material extra que acompanha esta edição recupera raridades e lados B (Check My Machine, Secret Friend) e a natalina Wonderful Christmastime.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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