Fã que é fã, gosta de perseguir cada passo do seu ídolo. Se o assunto for música, o bom admirador gosta de sair catando tudo quanto é disco onde o seu músico preferido andou botando dedo. Para facilitar as coisas, o selo Discobertas botou nas lojas três discos que reúnem faixas extras tiradas de trilhas sonoras, compactos e participações especiais de três artistas brasileiros: Fafá de Belém, Milton Nascimento e Joyce Moreno.

Dos três, o disco Fafá, com o nome simplório Raridades, é o que traz menos novidades. Das 18 faixas, nenhuma ultrapassa os anos 90. Delas, provavelmente a mais rara seja Meu nome é ninguém, tirada do disco Miltinho convida que, claro, conta com o anfitrião nos vocais. Mas é raro por que trata-se de um disco de 1998 que já não se encontra tão fácil assim. Outras quatro faixas – Preciso aprender a ser só, Peguei um ita no norte, Serenata do adeus (lindíssima, por sinal) e Fim de semana em Paquetá – foram pescadas dos songbooks lançados pela gravadora Lumiar. Até bem pouco tempo, esses discos eram bem difíceis de serem encontrados. Mas, recentemente eles todos voltaram às prateleiras a preços bem populares (olha a dica aí!). A grande vantagem da coletênea Raridades está em trazer as participações de Fafá de Belém nas trilhas sonoras das novelas do SBT. No entanto, em Eu te amo (justamente uma das mais belas composições de Chico Buarque e Tom Jobim) nossa cantora dá uma derrapada na letra (desvairios?!) que acaba comprometendo tudo.

Um tanto mais feliz, Milton Nascimento ganha a coletânea Anos 2000. Tal qual dito no título, o disco traz canções de fora do repertório oficial do mineiro, lançadas depois da virada do milênio. A variedade de fontes dá um fôlego maior a este disco. Curiosamente, em Angelus, Milton não comparece (a menos que esteja tocando piano). Mas Sino, claro sino é uma linda composição de um pouco conhecido tributo ao mestre Capiba. Tem ainda Milagres do peixes, dueto com Simone Guimarães. O dispensável Jorge Vercillo comparece em Há de ser, do seu disco D.N.A. Mas, destaque mesmo é I’d have you anytime, de George Harrison e Bob Dylan, gravada por Milton num tributo super recente ao beatle guitarrista.

Como quem deixa o melhor para o final, quem quer ouvir raridades de verdade deve procurar o Curriculum, os primeiros momentos de Joyce Moreno. São 20 faixas reunindo aquilo que a compositora lançou em compactos, trilhas e discos de festival. Pra se ter uma ideia, a faixa mais nova é de 1972. Trata-se de Pessoas, composição de Nelson Angelo lançada no disco 5º festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora. Com direito a texto explicativo e informações sobre todas as faixas (assim como nos outros dois discos), Curriculum faz um retrato de quem era Joyce Moreno no início da carreira, entes de lançar Feminina (1980), seu maior sucesso fonográfico. A coletânea traz curiosidades como o trabalho da Tribo, grupo formado por Joyce, Nelson Angelo, Naná Vasconcelos, Novelli e Toninho Horta. Copacabana Velha de Guerra é uma espécie de Alegria Alegria de Joyce, que ganhou ótima gravação de Elis Regina (1970). Andança, hit de Beth Carvalho, também ganha registro de Joyce com o Momento 4uatro. Apesar de pouco atraente, a capa de Curriculum foi tirada de um compacto de 1971 onde ela cantava Adeus Maria Fulô, Caqui, Nada será como antes e The man from the avenue. Somente esta última não está no disco. Ao fim conlui-se, Curriculum é um bom trabalho de arqueologia que deve figurar na discografia de todo fã de Joyce e de boa música brasileira.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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