Por Marcos Robério (marcosroberio99@opovo.com.br)
O projeto é uma iniciativa do Instituto CDL de Cultura e Responsabilidade Social, que até novembro promoverá quatro apresentações gratuitas no Centro de Fortaleza. O Quarteto Brasil, que abre a série, vem se consolidando na cena instrumental brasileira, com apresentações que, por todo o País, são sucesso de público e crítica. Também pudera, o grupo é formado por músicos de currículo invejável, que transitam em meio à constelação da música brasileira.
Cristovão Bastos, pianista e compositor, é parceiro de grandes nomes da MPB. A bateria fica com Jurim Moreira, que participou de festivais de jazz na Europa e foi membro da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Bororó destaca-se principalmente no contrabaixo e é considerado um dos mais competentes instrumentistas brasileiros. E, completando o quarteto, tem Zé Canuto, tido por especialistas como um dos maiores saxofonistas do Brasil, também acompanhando grandes nomes da música brasileira.
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“É muito prazeroso estarmos juntos, é muito bom pra gente poder se reunir pra tocar”, diz Cristovão Bastos, explicando que mesmo com os vários projetos paralelos o grupo procura se manter sempre unido para dividir os palcos. Ele faz questão de esclarecer que o show não se trata de uma base jazzística com influências de ritmos nacionais, mas sim o contrário. “A gente improvisa muito, mas o fundo é bem brasileiro. Eventualmente você pode perceber alguma coisa de jazz, até porque faz parte da nossa formação, mas isso é mais uma influência, um sotaque”.
Formado há cerca de seis anos, o Quarteto Brasil é reconhecido e elogiado também no exterior. O primeiro álbum do grupo, intitulado Bossa Nova – Delicado foi lançado em 2007 apenas na Europa e por lá foi muito bem recebido. Na apresentação de amanhã, estarão músicas desse disco, como Entrada Real e Os Três Chorões, de autoria de Cristovão, Elo, de Bororó, e Juazeiro, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Cristovão Bastos adianta ainda que os músicos já estão fazendo reuniões para discutir a ideia do próximo álbum.
Tendo feito parcerias com nomes como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Nana Caymmi e Edu Lobo, entre outros, Cristovão se orgulha de ter acompanhado de perto a própria evolução da música brasileira. “Tem um certo privilégio em trabalhar com pessoas tão ilustres. São todos absurdamente musicais”.
Sobre a música instrumental ter um público restrito e mais seleto, Cristóvão considera que isso está diretamente relacionado a uma resistência midiática, que muitas vezes, segundo ele, deixa o instrumental fora do conhecimento do grande público. Mas isso não chega a incomodá-lo: “A mídia faz o que ela quiser. Não podemos ficar na ilusão de música para o grande público”, salienta. “A gente faz uma música bem feita. De certa forma ela é mesmo sofisticada e a gente espera colocar a nossa competência pra satisfazer a quem vai assistir”, completa.
8ª EDIÇÃO DA QUARTA DA CULTURA NO CENTRO
PROGRAMAÇÃO (apresentações gratuitas)
24/08, às 19h – Quarteto Brasil, com show no Theatro José de Alencar, com abertura do instrumentista cearense Alex Ramon.
21/09 – Marcelo Leite & Carlinhos Crisóstomo, com show em homenagem a Noel Rosa, no Espaço Cultural da CDL.
19/10 – pianista Gilson Peranzzetta & flautista e saxofonista Mauro Senise, no Theatro José de Alencar, com abertura do grupo de choro cearense Murmurando.
16/11 – show de encerramento com o músico cearense Moacir Bedê, no Espaço Cultural da CDL.