O paraibano Zé Ramalho entrou o ano de 2011 fazendo um passeio pela própria trajetória. Com o pomposo nome de Caixa de Pandora, ele lançou um box com quatro CDs e um DVD onde relembra seus sucessos, recria canções de outros compositores e apresenta algumas sobras de estúdio, até então inéditas. É baseado neste repertório que ele faz show ao lado da sua Banda Z, esta noite no Centro Dragão do Mar, dentro do projeto Dragão Musical.

Além de rever sua carreira, Zé Ramalho também está prestes a colocar nas lojas um tributo aos Beatles. Zé Ramalho Canta Beatles (Discobertas) vai reunir 16 canções do quarteto inglês interpretadas no idioma original, mas com um toque bem pessoal do cantor. Gravado aos poucos, em diversos estúdios e momentos, o disco vai trazer versões inusitadas para, entre outras, While my guitar gently weeps, In my life e Dear prudence, além de canções das carreiras individuais de John, Paul, Ringo e George. “O critério de escolha (do repertório) foi através daquelas que eu mais gosto, as que estavam na minha lembrança desde que eu comecei a curtir essa banda”, explica ele por email.

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Antes dos Beatles, Zé Ramalho já lançou outros quatro discos temáticos, dedicados aos seus ídolos. Começou com Raul Seixas, em 2001. Em seguida vieram Bob Dylan (2008), Luiz Gonzaga (2009) e Jackson do Pandeiro (2010). Apesar dos diferentes universos dos homenageados, em nenhum momento o paraibano deixou de lado seu direito de mexer, reinventar e misturar rock, folk, forró e baião. Ainda assim, ele reconhece que o mais difícil foi abordar a obra de Dylan, apesar de ter sido bem recompensado. “As versões que eu fiz, junto com outros autores, foram todas aprovadas por ele, o que me deixou feliz e orgulhoso, em se tratando de tão árdua tarefa”, conta.

Se para muitos ouvir Beatles com sanfona, zabumba e triângulo pode parecer um sacrilégio, para Zé Ramalho a aventura é prazerosa e inspiradora. Ele conta que até gostaria de também fazer um tributo ao Pink Floyd, mas sabe que a banda não permite versões de suas músicas para nenhuma língua. Também inspirador é olhar para trás e ver que sua história desperta interesse e continua atraindo fãs. “Consegui mostrar uma música nordestina atualizada, moderna, com letras e arranjos que revolucionaram a música nordestina como estava. Além disso, essas canções perduram até hoje, atravessando já duas gerações. De vez que percebe-se uma clara renovação de público nos meus shows. São jovens a partir de 15, 16 anos, que descobrem meu trabalho e passam a acompanhar toda a minha obra”, orgulha-se.

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No entanto, essa viagem pelas memórias musicais, composições e referências vai ser interrompida. Para 2012, ele está programando um disco de composições inéditas, todas com letra e música de sua autoria. Quanto ao show desta noite, Zé adianta que os Beatles ainda não vão entrar, uma vez que ele quer preparar uma apresentação especial para este tributo. Sempre cheio de projetos e idéias, tanto como compositor quanto como intérprete, ele entrega qual é seu grande desejo como músico. “Ainda pretendo permanecer no mercado por muito tempo”.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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