Figura colorida e festiva, o DJ Zé Pedro anda com o sorriso mais fácil ainda ultimamente. O motivo é o lançamento do segundo pacote de discos da sua Joia Moderna, gravadora que ele lançou no início deste ano. Sonho acalentado durante anos, sua proposta é tirar do limbo as vozes femininas da música brasileira, que há tempos foram apagadas da nossa curta memória.

Nesta segunda leva, a Joia Moderna devolve às lojas o disco Alvoroço, título cult da discografia de Leny Andrade, lançado em 1973 pela extinta Odeon. Tem ainda Senhor do Tempo, tributo somente com canções raras de Caetano Veloso na voz da carioca Claudya. Por fim, De Pai pra Filha é uma homenagem inédita a Zé Rodrix feita pela filha Marya Bravo.

“Essa gravadora é para iluminar os campos escuros da MPB. Não quero quem já está no claro”, explica Zé Pedro por telefone. Embora a ideia já estivesse há tempos na sua cabeça, ela só virou realidade quando soube que o produtor e músico Thiago Marques Luiz estava com dois discos prontos, mas não encontrava quem quisesse lançar. Um deles era o retorno de Cida Moreira, depois de 30 anos, ao formato voz e piano batizado como A Dama Indigna. O segundo era um tributo ao cantor e compositor Taiguara, usando com vozes femininas.

Zé Pedro pegou os dois trabalhos, acrescentou mais dois – Zezé Motta cantando Luiz Melodia e Jards Macalé e o terceiro disco da quase desconhecida Silvia Maria – e inaugurou sua Joia Moderna no início de 2011. “A vida inteira fui tiete dessas pessoas, mas não pra saber de fofoca. O que sempre me interessou foi a arte desse cantor. Agora estou fazendo uma colaboração que eu sempre acreditei como tiete, que é de colaborar na arte delas”, orgulha-se o DJ.

A política da Joia Moderna é simples. Zé Pedro banca todos os custos de gravação e finalização do disco, e prepara mil cópias. Ao fim desta tiragem, o fonograma vai para a dona da voz. E outra, nada de demora na gravação. Uma ou duas semanas, no máximo. “Eu não to fazendo uma obra de caridade. Eu to tentando fazer o que o Brasil deveria fazer. É doloroso ver que uma pessoa que fez sucesso no passado, não consegue fazer novamente. Eu poderia só relançar, mas aí não vou provar o que eu quero: que essas mulheres estão vivas e cantando muito”, explica.

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Entre muitas vontades – cantoras interpretando Sérgio Sampaio ou Geraldo Vandré, por exemplo –, Zé Pedro já está com algumas novidades prestes a serem lançados. O tributo a Taiguara vai ganhar edição em DVD, com a participação de 10 das 14 cantoras do disco. Literalmente Loucas vai trazer 12 novas cantoras interpretando canções obscuras de Marina Lima. A paulista Izzy Gordon, sobrinha de Dolores Duran, está preparando Negro Azul da Noite, disco apenas com compositores negros. Ame ou se mande é o sexto disco da baiana Jussara Silveira, baseado no show homônimo.

Entre muitas propostas, a expectativa de Zé Pedro é colocar 20 títulos nas lojas até o fim deste ano (veja quadro). Há ainda apelos curiosos, como o de relançar a discografia de Rosana, vindo insistentemente do fã clube da cantora. Por enquanto, o resultado é positivo. O disco de Cida Moreira, por exemplo, já está na 4ª edição. E, se depender do jeito despachado do DJ e do talento das cantoras brasileiras, muitos outros títulos virão. 

Clique aqui e leia entrevisa com o DJ Zé Pedro sobre o lançamento da Joia Moderna.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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