Por Marcos Robério (marcosroberio@opovo.com.br)

Com uma das vozes mais reconhecidas da MPB, a paraense Leila Pinheiro atravessou as últimas três décadas cantando e assim gravou seu nome na recente história da música nacional. A elegância e a versatilidade de Leila poderão ser conferidas hoje na quarta edição da Série Depoimentos, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. A abertura do show é da compositora cearense Marta Aurélia, acompanhada de Aristides Neto no cavaquinho e Domingos Bezerra Pinheiro no violão.

A apresentação tem aura intimista, sendo mistura de show e bate-papo, onde Leila Pinheiro conversa sobre a carreira e vai ilustrando cada momento com suas canções. Com o formato voz e violão, a cantora cria um ambiente de intimidade entre ela e o público, promovendo um passeio pelas músicas que marcaram sua carreira. “Penso que seja um bate-papo gostoso sobre meus 30 anos de carreira, recheado com música”, diz Leila, em conversa por email com O POVO.

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Leila começou sua relação com a música ainda muito cedo. Aos dez anos, inicia seus estudos de piano, instrumento que até hoje a acompanha. Aos 20 anos, deixa a paixão pela música falar mais alto e larga a faculdade de Medicina para estrear como cantora. A carreira engrena quando ela se muda para o Rio de Janeiro, onde grava o primeiro disco e, dois anos depois, é premiada com o Troféu Revelação no Festival dos Festivais, da TV Globo, em 1985.

Após lançar alguns discos em que a bossa nova ditava o tom, a cantora inicia uma nova fase com o ótimo álbum Catavento e Girassol, de 1996, que puxa mais para a MPB, com todas as faixas feitas pela dupla de compositores Aldir Blanc e Guinga. De lá para cá, se solidificou com um estilo marcante de interpretar e com álbuns que foram bem recebidos, com destaque para Agarradinhos (que também rendeu um DVD), em parceria com Roberto Menescal. A variedade de influências se reflete na definição dela própria: “Sou uma intérprete que toca piano. Tudo o que me chama atenção e me emociona, posso gravar”.

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Seu mais recente trabalho é Meu Segredo Mais Sincero, de 2010, um tributo a Renato Russo, vocalista da Legião Urbana, falecido em 1996. No álbum, Leila utiliza novos arranjos musicais para dar um toque a mais de emoção a canções como Ainda É Cedo e Perfeição. A cantora lembra que sua relação com Renato começou em 1988, quando ela gravou Tempo Perdido. Depois, em vários de seus CDs, ela incluía músicas dele, que sempre chamavam sua atenção “especialmente pela beleza e profundidade das letras”. “Apesar de não termos tido uma relação de amizade, conversávamos muito pelo telefone sobre o que ele escrevia. Ele faz muita falta”, lamenta Leila.

Ela adianta ainda seus próximos projetos. Diz que está com dois CDs quase prontos, um com músicas da região Norte, onde nasceu, e outro em duo (guitarra e voz) com o guitarrista carioca Nelson Faria. A quem for ao show, Leila manda um recado cheio de empolgação: “Adoro Fortaleza e o público sempre me recebe com muito carinho. Será mais um encontro muito prazeroso e emocionante, com certeza!”.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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