Por Hamilton Nogueira, jornalista (@HamiltonNog)
Esses incautos, que pela força da quantidade modelam o mercado e tornam fértil de lixo a cena musical do Ceará, raramente consomem os Comparsas da Vivenda, Katia Freitas, Lídia Maria Fulô, Breculê, Mafalda Morfina e tantos outros formados por talento, poesia, construção musical verdadeira. Raramente. Ou seja, mais frustração.
De qualquer forma, vai uma alegria: é especialmente prazeroso saber que há ilhas de qualidade na maré revolta das facilidades mercadológicas. Os e as comparsas Amanda Nogueira, Caio Castelo, Carlos Hardy, Jairo Ponte, João Paulo Peixoto, Lorena Nunes e Richell Martins. Esses heróis e heroínas, como aqueles citados lá em cima, insistem em tocar, cantar e compor bem, com sensibilidade, paixão e muito talento. Mesmo que para 60 ou 70 pessoas.
Agora vai a esperança: acredito na vitória do bem. Acho que a boa música fica e a descartável se descarta. Acho que esses heróis e heroínas serão notados pelo grande público, que em determinado momento vai cansar de gastar seu dinheiro comprando arremedo de músicos, celebridades decadentes, facilidades mercadológicas, subprodutos descartáveis, atentados à inteligência, fantoches da indústria fonográfica, entre outras definições não tão baixas quanto o segmento merece.
Quando isso acontecer, dezenas de milhares aplaudirão o figurino cuja simplicidade é a elegância, as composições influenciadas por Los Hermanos, a presença de palco dos dois grandes vocalistas Lorena e Richell, e qualidade eterna dos Comparsas da Vivenda. Quem sabe nesse momento eles já não estejam no palco do Forró no Sítio, que a essa altura deverá ser rebatizado para Arte no Sítio. Vida longa.