Por Camila Holanda (@camilasholanda)
Mais conhecido por seus trabalhos em novelas, Alexandre Nero lança seu terceiro disco solo, Vendo Amor (Discobertas) e explora seu viés romântico. O amor é o tema principal do novo projeto, que traz diversas situações proporcionadas por este sentimento tão complexo. O disco é uma boa experiência musical, os arranjos são bem trabalhados, lembrando as fanfarras, com a presença do acordeon misturando-se aos instrumentos de percussão e sopro, assim como o piano.
Sonoplasta, compositor, músico, arranjador e cantor, Alexandre já foi premiado diversas vezes por seu trabalho musical, assim como por sua atuação. O som que ele faz é bem independente e experimental, retratado em Vendo Amor, que traz letras leves e agradáveis, assim como arranjos bem elaborados.
As composições passeiam pelo sexo e até pela melancolia de um adeus. A maioria delas é do curitibano, mas há regravações surpreendentes, como Não aprendi dizer adeus, com letra e música de Joel Marques e consagrada nas vozes da dupla sertaneja Leandro e Leonardo. A ousadia é equiparada à de Tiê, quando decidiu rearranjar Você não vale nada.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=IygFKSkb860[/youtube]Alexandre também musicou um poema de Domingos de Oliveira (autor, ator e diretor), chamado Domingos. Ele aparece no filme Separações, dirigido pelo próprio compositor e protagonizado também por ele e por sua mulher, Priscila Rozenbaum. No poema, o sexo aparece de forma bonita e romântica, ao mesmo tempo que selvagem e primitiva. Enfim, humana.
Entre as formas de amor exploradas no disco, Cuecas e calcinhas canta o construído e consumando pelo cotidiano, o sentimento que há na convivência rotineira de um casal. Mas também mostra o selvagem, em Saia: “Perca a cabeça, seja tronco, seja membros. Deitada, suada lábio a lábio. Úmida e molhada, toda despenteada na cama de quem ama”.
Outro destaque é a música Carinhoso, de João de Barro e Pixinguinha. Por mais que o tempo passe, ela continua clássica e os arranjos das novas gerações sempre deixam que a canção continue atual.
O disco é uma obra íntima e romântica de Alexandre Nero, porém, foge do tradicional e não cai no piegas. É um projeto audacioso, porém, fácil de agradar, pois trata de assuntos que atingem a todas as pessoas e de uma forma bem articulada.
O texto dá a impressão que Priscila Rozembaum é mulher do compostior ALexandre Nero. Não é. Ela e casada com o letrista da canção, no caso o escritor e cineasta Domingos de Oliveira. Quanto a “Carinhoso”, a ordem dos autores está invertida. Pixinguinha compôs a música como um tema instrumental muito antes de Joãõ de Barro escrever a letra. Aliás, esse é o processo mais comum de compor músicas na MPB, fazer a música antes da letra. O processo inverso, como ocorreu na parceria de Domingos com Nero, é bem mais raro.
Oi, Lucrécio,
Concordo com você quanto ao comentário sobre a Priscilla Rozenbaum. De fato o texto pode gerar essa confusão. A atriz é esposa de Domingos Oliveira. No entanto não existe uma regra sobre a ordem que deve aparecer os compositores de uma canção. Se existe algum tipo de convenção, não existe uma regra quanto a isso. O mesmo quanto a esse método mais comum de composição na MPB. Não diria que é mais comum vir primeiro a melodia e depois a letra. Seria difícil mensurar isso. Saber quantas músicas foram compostas de um jeito e quantas foram compostas de outro. Existem milhares de formas de se fazer música e, a cada dia que passa, novas formas são criadas.
Obrigado pelo comentário
Tudo é tão bonito…….Alexandre tá conseguindo fazer eu voar quando ouço suas músicas………estou amando.