Um baiano que mora no Rio de Janeiro, mas que vive com seus grandes olhos voltados sempre para o mundo. Esse é Gilberto Gil. Filho de uma das mais frutíferas gerações da música brasileira, o artista foi responsável por trazer muitas das inovações que se difundiram no País do Carnaval. Herdeiro da batida de João Gilberto, suas primeiras gravações traziam sambas com um pezinho na Bossa Nova. Bem antes do Brasil dos anos 80 ficar rock, ele já tinha visto Jimi Hendrix e tocado com David Gilmour. Com esse currículo, se intitulou um Punk da Periferia. E, antes do mundo se identificar com as palavras de Bob Marley, ele nos trouxe o reggae. Some a esse caldeirão sonoro o forró, o eletrônico, o axé e boas doses de romantismo.

E é isso que é Gilberto Gil, um pouco de tudo. Hoje, data dos seus 70 anos, mais que comemorar seu aniversário, é dia de comemorar a Música Brasileira. O baiano que, ao lado de Caetano Veloso, inaugurou a “geléia” (na época ainda com acento) geral da Tropicália, já foi abençoado por boa parte dos deuses da música pop – de Luiz Gonzaga a Stevie Wonder – e hoje, com mais de 40 anos de carreira, é ele quem dá as bênçãos a Marjorie Estiano, Carla Visi, Ivete Sangalo e tantos outros artistas.

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No entanto, mais do que viver como um “monstro sagrado da MPB”, Gil continua com a banda na rua fazendo música e buscando novas aventuras. Desde que largou a pompa de ministro da Cultura, em 2008, ele já foi de um trabalho acústico a um grande arraiá forrozeiro da turnê Fé na Festa. Agora, para comemorar os 70, Gil lança Concerto de Cordas & Máquina de Ritmo. O projeto inédito em sua carreira, junta sua banda – o filho Bem Gil (violão) mais Gustavo Di Dalva (percussão), Jaques Morelenbaum (violoncelo) e Nicolas Krassik (violino) – com as intervenções eletrônicas de Eduardo Manso e a opulência da Orquestra Petrobrás Sinfônica.

Transmitido hoje, às 19h, pelo canal oficial do artista no Youtube, o show foi gravado em 28 de maio no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O repertório alinha 23 canções que promovem vários passeios pela carreira de Gil e pelos seus ídolos. Brincando com diversas formações – somente ao violão, acompanhado de banda, com a orquestra completa, etc. – ele relembra Futurível e Eu vim da Bahia e apresenta a inédita Eu descobri. No momento das homenagens, terá Tom Jobim (Outra Vez), Dorival Caymmi (Saudade da Bahia), Jimi Hendrix (Up from the skies) e Luiz Gonzaga (Juazeiro). Em seguida, o show segue em turnê e, no segundo semestre, será lançado em CD, DVD e Blu-ray pela gravadora Biscoito Fino.

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E para aqueles fãs que não vão poder dar um abraço pessoalmente em Gilberto Gil pelo seu aniversário, existe outra dica ter um pouco mais de intimidade com o ídolo. O Instituto Antônio Carlos Jobim mantém em sua página oficial um grande arquivo de informações sobre o baiano, desde músicas até documentos inéditos. Que tal, por exemplo, conhece-lo com apenas um mês de idade, época em que ele era ainda Gilberto Passos Moreira? Ou então conhecer seus antigos cadernos de anotações com algumas músicas que acabaram perdidas no tempo? Essas e outras memórias podem ser consultadas enquanto se ouve toda a discografia de Gil, disponível gratuitamente em seu site oficial. Fora passar o dia conhecendo mais sobre sua obra, não há nada melhor para dedicar ao grande músico baiano do que aquele abraço.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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