Se quem não gosta de samba é ruim da cabeça ou doente do pé, o cantor e compositor cearense Ciribáh Soares anda muito bem de saúde. Para acertar uma velha dívida com o estilo que marca compasso do coração nacional, ele apresenta neste sábado (30), no Anfiteatro Flávio Ponte, o show O samba do grande amor onde quem vai mandar no palco é o pandeiro, a cuíca e o tamborim. A apresentação faz parte do projeto Retratos do Vento, da Secretaria de Cultura de Fortaleza, e abre com o show instrumental da Marajazz.

O show deste sábado é também o lançamento do disco O samba do grande amor, o terceiro na carreira de 30 anos de Ciribáh. Figura com rotação constante na noite fortalezense, Ciribáh começou a carreira em rodas de samba e choro, ainda na adolescência. Ao lado da banda Chora Bacural, ele, na época percussionista, provou do que é subir num palco pra fazer música. “Nos anos 1970, o Chora Bacural era um grupo bem referência. Por lá também tocaram o Tarcísio Sardinha e o Carlinhos Patriolino”, lembra o artista em entrevista ao O POVO.

Durante uma longa temporada em São Paulo, para onde foi estudar música, Ciribáh Soares despertou também seu lado compositor. Para isso contou, principalmente, com o incentivo do parceiro Teleu, com quem dividiu parte das faixas de Canto e cantarei, disco anterior, lançado em 2007. Paralelo ao trabalho autoral, ele mantém uma agenda corrida de bares onde toca quase diariamente uma seleção apurada de clássicos da MPB.

O novo disco, Samba do Grande amor, inclusive, traz um pouco dos dois lados da carreira de Ciribáh Soares, o compositor e o intérprete. São 12 faixas que misturam nomes sagrados, como Cartola (Minha) e Noel Rosa (Feitiço da Vila), com composições próprias como A felicidade e Confidente Fiel (ambas parcerias com Etinho Neto). A referência a Chico Buarque, cujo samba dá nome ao disco, aparece em Embarcação e Quem te viu, quem te vê. Para essa viagem na batucada, Ciribáh convidou amigos músicos como Adelson Viana (acordeom), Marcelo leite (flauta) e Neo Pi Neo (gaita). Além da íntegra do disco, parte desses convidados também está presente hoje no anfiteatro da Beira Mar.

Já com outras quatro músicas prontas para um próximo disco, Ciribáh Soares conta que seu trabalho de sambas demorou dois anos para ficar pronto. Apesar da dificuldade para realizar o projeto, ele se orgulha de ser músico em tempo integral e admite que a experiência de 30 anos de noite não lhe tirou a emoção das apresentações ao vivo. “Gravar discos é inerente à minha vontade. De alguma forma, fica uma história que não fui eu quem pedi pra contar, ela veio sozinha. Eu vivo de música e vivo bem com aquilo que eu sonhei desde menino. Fico feliz de não ter fugido da minha história”, revela.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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