A carreira de Maria Gadú é curta, mas já chegou chegando. Com Shimbalaiê tocando à exaustão em todas as rádios brasileiras, e em seguida se tornado um hit em Portugal, ela teve que dar conta de uma disputada agenda de shows e convites desde que surgiu em 2009 com seu primeiro disco. De lá pra cá, ela se tornou uma das artistas mais requisitadas da MPB e até agendar uma entrevista com a moça se tornou difícil. E foi ainda escorada nesse primeiro trabalho que ela lançou dois discos ao vivo, um deles em dueto com Caetano Veloso.

Depois dessa estreia tão forte, em 2011 ela colocou nas lojas seu segundo lote de inéditas. Lançado no final de 2011, Mais uma página (Som Livre) deu mais fôlego à carreira de Gadú que logo deu início a uma nova turnê, que passou recentemente por Fortaleza. Em única apresentação no Siará Hall, ela fez aquilo que sabe e gosta. “É um show permeado musicalmente pelas composições do novo disco, revisitações das coisas do primeiro e aquela mesma história de versões”, explica a cantora por telefone, numa conversar cujo o tom era a informalidade.

Ainda se recuperando de uma forte gripe que a atacou nos últimos dias, Maria Gadú deixou de lado a famosa timidez e conversou com o DISCOGRAFIA sobre o bom momento que sua carreira vem atravessando. Entre as últimas novidades está um convite de Tony Bennett para um dueto em seu novo disco. Previsto para outubro, o terceiro volume da série Duets, vai contar apenas com artistas latinos a brasileira participa em Blue velvet. Para ela, esse momento é consequência de uma série de coisas que vêm acontecendo desde que ela se lançou como artista. “Isso tudo vem trazendo um lance, até esse encontro com o Tony. Principalmente por que partiu dele. Sabendo que o convite veio dele, foi muito mais surpreendente”, confessa ela que ainda teve a oportunidade de conhecer a família e os cachorros do cantor.

Ainda assim, Maria Gadu nega que o dueto com Tony, o sucesso em Portugal e a recente parceria com Jesse Harris (também parceiro de Norah Jones) seja parte de um plano para uma carreira internacional. “Sou muito sem vontade nesse lado. Shimbalaiê tem umas pernas compridas. Eu fiz quando era criança e a música tomou suas próprias pernas. Ninguém pediu pra tocar, nunca tive essa pretensão. Minhas coisas tomam suas próprias pernas”. E segue afirmando que seu critério para atender ou não a um convite é puramente pessoal, nunca estratégico. “Nem tenho essa visão mercadológica. Nunca fiz música pra dar a alguém. To cagando. Quero mais é me divertir”.

E também foi com esse espírito que nasceram as composições de Mais uma página. Juntando a turma de amigos que compõe sua banda e outros que foram aparecendo, alguém puxava um violão e dali surgia alguma coisa. “Convivendo com um monte de gente disponível, esse repertório foi nascendo sem pretensão, de uma forma completamente orgânica e genuína”, revela. E é assim que ela quer que seja o show desta noite. “É sempre uma delícia chegar em Fortaleza e conversar com o pessoal. Eu gosto de bater papo. Subir no palco e falar tudo certinho é esquisito por que sou tímida. Gosto do público de Fortaleza por que entende isso”.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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