Passada a adolescência, a época das calças de couro e dos longos cabelos encaracolados, hoje Roberto Frejat é um jovem senhor de 50 anos, que há 11 mantém uma carreira solo cheia de sucessos que chegaram a rivalizar com sua antiga banda. Isso também é passado e hoje ele prefere manter o Barão em animação suspensa para seguir sua estrada como um trovador solitário. Segundo o próprio, a ideia é ser um novo Roberto Carlos, com canções pop simples que cheguem fácil no público. Quanto à moda, ele também deu um tapa no visual e, desde julho de 2010, prefere se apresentar dentro de um elegante paletó prateado e com os cabelos mais curtos.
Mas, calma, isso não significa que o barão perdeu a pegada roqueira dos Anos 80. Esse visual Frejat 5.0 é só a demonstração do envelhecer saudável do carioca. Isso ficou claro no show apresentado no palco do último Rock In Rio, no dia 1º de outubro de 2011. Comemorando os 10 anos (na época) de carreira solo iniciada com o disco Amor pra recomeçar (o primeiro de três), ele misturou uma pequena dose de ousadia com a certeza de jogo para consagrar seu caminho solitário.
Cuspindo fogo com sua guitarra e fazendo suas já famosas caretas, Frejat gravou no novo disco 14 canções que mostram uma visão caleidoscópica da sua playlist. Tem uma inesperada Você não entende nada, de Caetano Veloso, e um pot-pourri envenenado com quatro sucessos de Tim Maia. E, para relembrar os heróis da própria geração, Ainda é cedo, da Legião Urbana. Certo de que sua própria história, também fundamental, merece ser contada em capítulos, ele segue uma trilha com Bete Balanço (uma das primeiras do Barão), Exagerado (Cazuza solo), Puro Êxtase (Barão pós-Cazuza) e Segredos (Frejat solo). Sem querer provar nada além de que a maturidade é um paletó confortável, ele convida o filho Rafael (15) para solar sua guitarra em Malandragem e Amor pra recomeçar, sob o olhar atento da mãe Alice Pellegatti.
O registro do show do Rock In Rio tem cerca de uma hora. Muito pouco para quem está ainda comemorando 30 anos de Barão Vermelho e 11 anos de carreira solo. Mas é o que tem pra hoje. Essa história continua com uma turnê comemorativa da sua antiga banda, a remasterização do disco de estreia de 1982 (com o acréscimo de faixas inéditas) e o retorno para a carreira solo. Vale acompanhar.