Um show: entre as apresentações que passaram por Fortaleza no ano passado, um momento que deve sempre ser lembrado é o encontro da americana Stacey Kent com o carioquíssimo Marcos Valle, dia 11 de abril, no Teatro Via Sul. Se derramando de emoção pelo encontro com o ídolo, a cantora, um poço de simpatia, levou uma noite de bossas maravilhosas, com destaque para Meu encanto. Marcos, já acostumado ao encontro com o jazz americano, não fez menos e mostrou por que sua música, ainda hoje, é reverenciada pelo mundo inteiro.

 

Um disco internacional: Nada foi mais impactante este ano do que o disco de estreia do quarteto Alabama Shakes. Boys & Girls é formado por 11 faixas impecáveis, todas embebidas no melhor clima setentista de rock e blues. Guiados pela voz possante de Brittany Howard, a banda foi destaque no mundo inteiro com uma das melhores estreias dos últimos anos. Há algo de Janis Joplin e Led Zeppelin no som deles. Espetacular, no mínimo.

Um disco nacional: no mesmo ano em que a música brasileira perde um dos seus nomes mais ilustres, o Magro, o grupo que o apresentou, o MPB-4, lança um dos seus mais belos discos. Contigo aprendi traz 11 versões inéditas para boleros clássicos, como Solamente una vez, Sabor a mi e El reloj. Os arranjos delicados e os músicos convidados – Toninho Horta, Duofel, Trio Madeira Brasil e Quarteto Maogani – enriquecem este que é um dos mais belos trabalhos do ano. Impecável. Uma despedida emocionante.

Um resgate: A dama da canção é um box que reuniu o filé da carreira de Nana Caymmi em 18 discos. Desde o disco de estreia, de 1965, até Sangre de mi alma, compilação de boleros lançada em 2000, a caixa refelete o gosto apurado e a voz sempre afiada da carioca de tempero baiano. Pra fechar o pacote, um disco duplo com raridades não tão raras assim.

Um retorno: depois de anos dedicados ao trabalho gospel de qualidade duvidosa, Baby do Brasil está de volta à terra, trazida pelo seu filho Pedro Baby. Uma feliz notícia que vem sendo comemorada no país inteiro e já com fortes possibilidades de se tranformar em disco ou DVD. Cabe a ela e a seu conselheiro fiel, Deus, decidirem o rumo dessa prosa. Por aqui fica o desejo de que esse show chegue logo a Fortaleza.

Um livro: após se livrar de processos e exumar alguns esqueletos que ainda mantinha no armário, Nasi Valadão resolveu contar sua história na biografia A Ira de Nasi, escrita por Alexandre Petillo e Mauro Betting. Repleta de lances engraçados, tragicos, tragicômicos e alguns ate duvidosos, o livro segue num texto leve e fácil, que parte desde os primeiros anos do cantor, cruza os anos junto com o quarteto Ira! e chega à atual carreira solo.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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