Uma das frases célebres do poeta Vinicus de Moraes dizia que “São Paulo é o túmulo do samba”. Mais de 50 anos depois, a provocação do poetinha serve como mote para o segundo disco do compositor Tabajara Assumpção. Músico de formação clássica, o paulistano está lançando de forma independente com distribuição pela Tratore o disco Sampa Samba, com 12 composições de próprio punho que falam sobre sua relação com a cidade e seus personagens típicos. Com referências a Caetano Veloso e Adoniran Barbosa, o disco mistura uma instrumentação elegante, com belos e econômicos toques de piano, com a voz particular, e ora limitada, do artista. Emulando a famosa introdução de Sampa (Caetano Veloso), a faixa-título abre este Sampa Samba celebrando a miscigenação e anunciando: “Disseram que São Paulo é o túmulo do samba. Vamos fazer, então, defunto sambar”. Samba do balanço vem em seguida revelando a canto duro de Tabajara, que se sai melhor em Cara inchada, cuja letra inspirada fala sobre o sofrimento de um homem ao ver sua mulher sair para o samba. Passando por elementos do funk, do rap e da bossa nova, Sampa Samba conta com bons momentos, como a melancolia impressa em Eu, ela e a cidade. Melhor compositor do que intérprete, Tabajara Assumpção tem como principal mérito o de saber usar bem os grandes clichês do samba – futebol, carnaval e amor. isso fica claro no encerramento, com a gingada Samba e futebol, que bota Zico, Gisele Bundchen e Tom Jobim num mesmo certame, de bolas rolando e tamborins marcando.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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