2013-01-29 17.06.54Embora tenha nascido em São Luís, no Maranhão, foi no Ceará que Luiz Assunção desenvolveu sua obra musical. Boêmio fiel, ele compôs sambas, choros, valsas e baiões ao longo de muitas noitadas que passou ao lado de amigos. Por sorte, o ex-sacristão recebeu muitas homenagens antes de morrer em 1987, aos 85 anos. Fossem troféus ou premiações, parte do reconhecimento vinha de concursos carnavalescos, paixão que ele alimentava a cada ano.

Mais uma homenagem a este folião de raça está programada para esta noite no Centro Dragão do Mar. Assim como Luiz Assunção, os compositores Lauro Maia, Evaldo Gouveia, Fausto Nilo, Chico Anysio, Fagner, Falcão e Ednardo terão suas músicas lembradas no show Não é qualquer Carnaval, que dá as boas vindas ao período momino em Fortaleza.

Produzido pelo músico Pantico Rocha, a apresentação vai contar com um time de cantores e instrumentistas cearenses, que darão uma cara contemporânea a velhos sucessos, como Batuquê de praia (Petrúcio Maia), Adeus Praia de Iracema (Luiz Assunção), Que papo é esse? (Fausto Nilo/ Capinan/ Moraes Moreira) e Chão da praça (Fausto Nilo/ Moraes Moreira). Até o colorido humorista Falcão vai ser relembrado com Um bodegueiro na FIEC (Falcão/ Tarcísio Matos).

“O convite partiu do Dragão do Mar, e começou com uma homenagem ao Luiz Assunção. Depois, a ideia foi resgatar a história do Carnaval no Ceará”, explica Pantico que se debruçou sobre uma pesquisa em busca de autores e canções. “Fiz uma pesquisa para fazer uma coisa cronológica, indo dos mais antigos até os mais novos, com músicas com mais apelo carnavalesco. Os andamentos de antes eram mais suaves, por isso misturei com os mais novos para animar mais ainda”.

À medida que ia pensando um novo arranjo para cada canção, Pantico via junto um intérprete que se adequasse a ela. Assim ele convidou Gabriela Nunes, cantora ligada ao universo do samba; Emanuel Furtado, membro da banda de rock Eros Ditos; a banda Dona Zefinha, referência na mistura de música arte circense; o bloco carnavalesco Luxo da Aldeia; o bluesboy Artur Menezes; e o cantor e compositor Eudes Fraga. Também compõem o bloco os instrumentistas Carlinhos Patriolino e Cristiano Pinho. Para acompanhar essa turma, foram arregimentados Adriano Azevedo (bateria), Luiz Hermano (baixo), Igor Ribeiro (percussão), Marcos Vinnie (teclado), Thiago Rocha (sax), Ricardo Neto (trompete) e Daniel Costa (trombone). Ao final, a banda Transacionais encerra a noite com o repertório que tem apresentado às quintas-feiras, no Dragão, com o bloco Chão da Praça.

Diálogo de cordas

Entre os momentos ensaiados para o show Não é qualquer Carnaval, um merece destaque. Músico escolado nas rodas de choro (que até frequentou a casa de Luiz Assunção na infância), Carlinhos Patriolino vai dividir o palco com o guitarrista Artur Menezes, um dos nomes de ponta da cena blueseira local. “Não é duelo, como alguns têm dito. É um diálogo”, adianta Patriolino, que aproveita a ocasião para estrear no palco sua guitarra baiana. “Nunca me considerei um bandolinista, um guitarrista ou um violonista. Eu sou um músico. Pra mim é tudo é um pedaço de pau com algumas cordas”, brinca ele, antes de falar da expectativa em tocar ao lado de Artur, que devolve os elogios. “Foi massa o encontro com o Patriolino. Conheço ele desde pequeno e já até estudei direito com ele. Mas não me formei e acho que ele também não (risos). Uma vez até fui até a casa dele pra ter umas aulas. Acabei sem fazer aula e conversando a tarde inteira”, lembra Artur.

Serviço:
Não é Qualquer Carnaval e Bloco Chão da Praça
Quando: hoje (8), às 20h
Onde: Praça Verde do Centro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
Quanto: gratuito
Outras informações: 34888608

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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