0501va0621Já no apagar das luzes de 2012, chegaram às lojas três trabalhos inéditos de ícones roqueiros revelados nos anos 1960/70. O primeiro deles é Music From Another Dimension, com 15 faixas inéditas do Aerosmith. Depois de uma maré de polêmicas entre Joe Perry e Steven Tyler, os conhecidos “toxic twins” (gêmeos tóxicos) decidiram fazer as pazes e até aparecem abraçados no encarte. Fachada ou não, é fato que a dupla continua afiada na hora de fazer o mais clássico dos rocks. Por isso, sem querer inventar a roda no ano em que completam 40 anos de carreira, o quinteto fez um disco bem no estilo que o consagrou, com muito grito e guitarra.

Muita coisa até vai parecer um déjà vu. Out go the lights, por exemplo, copia a pegada funkeada de Walk this way. Uma das melhores do disco, Oh yeah” pode vir no show logo depois de Dude looks like a lady. A primeira balada aparece na quarta faixa, trata-se de Tell me e segue e mesma fórmula base de violão, solo de guitarra e sentimento na garganta. Composta pela premiada Diane Warren (a mesma que dividiu com Tyler e Perry o sucesso de I don’t wanna miss a thing), We all fall down é uma balada falando sobre superação, que remete ao acidente sofrido por Tyler em 2009. Contando ainda com as pauleiras Street Jesus e Lover alot, Music From Another Dimension deixa claro que estes senhores continuam na ativa.

O mesmo pode ser dito de Fire It Up, novo disco do cantor inglês Joe Cocker. Dono do lendário urro que recriou With a little help from my friends durante o Festival de Woodstock, este senhor de 68 anos não tem mais o vigor de outrora, mas não larga o osso da música por nada. Produzido por Matt Serletic (Carlos Santana e Matchbox Twenty), Fire It Up se alinha aos novos tempos com 11 canções simples, bem resolvidas e sem rasgos de inspiração. Ainda assim, algumas faixas se destacam, como a martelada I’ll be your doctor. Já a pungente You don’t know what you’re doing to me se destaca entre as baladas. Soando como um velho blueseiro, The letting go também faz bonito com a presença de um nipe de metais.

Por fim, Live at the Bowl’ 68 é mais um título póstumo na história do The Doors. Gravado originalmente na noite de 5 de julho de 1968, a apresentação só chegou agora aos fãs do quarteto graças a uma grande esforço tecnológico para recuperar algumas faixas. Hello I love you era o hit da época, com o lançamento recente do disco  Waiting for the sun. No entanto a faixa estava praticamente perdida no tempo. Foi preciso usar a voz e Jim Morrison em outra apresentação para que fosse possível incluí-la neste lançamento, que sai também em DVD e blu-ray. Emendando clássicos lisérgicos como When the music’s over (em esticados 12 minutos) e Light my fire, Live at the Bowl’68 traz o mesmo Doors de sempre, com longos improvisos e performances imprevisíveis. Mas, no caso deles, isso é o melhor.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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