0904va0621Ao longo de seus 50 anos, Michael Jackson ajudou a escrever importantes capítulos do pop. Extraindo o máximo de corpo, palco, figurino e voz, ele se transformou em modelo para muita gente que veio em seguida querendo se aventurar nesta seara. Uma dessas pessoas é o cantor Justin Timberlake. Também lançado como membro de uma boy band (o esquecível N’Sync), o americano deu início à carreira solo em 2002, dividindo seu tempo entre lançamentos raros e papeis no cinema.

De volta à música sete anos depois do sucesso de FutureSex/ LoveSounds, o astro de 32 anos deixa claro suas influências em 20/20 Experience (Sony BMG), seu terceiro disco. Aqui, as semelhanças com o ídolo Jackson ficam por conta de sonoridade cheia de camadas eletrônicas, dos falsetes, do R&B feito pra multidões e outros detalhes mais sutis. No entanto, longe de ser mera cópia, Justin também tem lá certo apelo próprio. Principalmente na parte instrumental, onde usa elementos modernos para roçar nas intenções da velha escola de música negra.

No caso de 20/20 Experience, o que se vê é uma produção bem trabalhada, que ficou a cargo do badalado Timbaland junto com Jerome Harmon e do próprio Timberlake. Também são deles as 10 faixas do disco, com exceção de That girl, co-assinada por The Tennessee Kids. Como bônus, ainda foram acrescentadas Dress on e Body count, ambas com clima bem diferente das anteriores. Recheado de longas canções, o disco aposta em batidas lentas, ruídos (um grilo, por exemplo) e levadas sensuais. A abertura, com Pusher love girl, uma peça de oito minutos cheia de variações, também deixa clara uma vontade de ir além dos singles.

Ainda apostando nas mudanças de andamento e ritmo, Strawberry bubblegum passa do r&b para uma quase bossa nova de gringo. Suit & tie segue na linha, com suingue e participação de Jay-Z fazendo seu mais do mesmo. Uma das escolhidas para puxar o disco nas rádios, Mirrors é uma balada melosa, com cara de show de strip tease, que deixa a dever num disco que traz algumas boas intenções.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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