digipack dvdNOVO2grafica.inddCantora carioca revelada na era de ouro do rádio brasileiro, Lana Bittencourt está lançando aos 82 anos o primeiro DVD de uma carreira que chega aos 59 anos. A diva passional foi gravado em dois momentos diferentes. O show principal foi registrado no Teatro Rival (RJ) em 16 de março de 2011 e contou com a participação especial de Alcione. A segunda parte, incluída nos extras, traz Ney Matogrosso, Rogéria e a neta Mariana Braga cantando junto com Lana no mesmo palco em novembro de 2010. O título do trabalho, lançado pelo Canal Brasil, faz jus aos tons dramáticos desta cantora que conservou bem a força interpretativa e a afinação. Desafiando a garganta em 28 canções, ela apresenta um repertório internacional que pinça grandes momentos de uma trajetória que seguiu as últimas décadas à margem dos meios de comunicação. Acompanhada por um time de músicos liderado por Mirabeaux Pinheiro, ela lembra os tons de Shirley Bassey em faixas como I will follow him (Franck Pourcel/ Paul Mauriat/ Arthur Altman/ Norman Gimbel/ Jacques Plante/ Raymond Lefèvre) e Theme from New York New York (Jahn Kander/ Fred Ebb). Com arranjos, ora eficientes, ora insossos, Lana se sobressai em canções que lhe garantiram prestígio no passado, como Se alguém telefonar (Jair Amorim/ Alcyr Pires Vermelho) e Little darlin’ (Maurice Williams). A abertura eletrobatucada de Na baixa do sapateiro (Ary Barroso) é algo que merece destaque. Num clima de descontração e reverência, A diva passional traz momentos curiosos, como quando a anfitriã deixa o palco para que seus convidados cantem em sua homenagem. É o que faz Alcione ao interpretar Faz uma loucura por mim (Chico Roque/ Sergio caetano) e A loba (Paulinho Resende/ Juninho Peralva). Antes a Marrom faz um dueto com Lana em O meu amor (Chico Buarque). Ney Matogrosso também faz sozinho sua espetacular Viajante (Thereza Tinoco), além de dividir Da cor do pecado (Bororó) e Hino ao amor (Edith Piaf/ Margueritte Monnot/ V.: Odair Marsano). As presenças de Rogéria em Haja o que houver (Fernando César/ Nazareno de Brito) e Mariana Braga em É (Gonzaguinha) parecem desnecessárias num trabalho que contabiliza mais pontos altos do que baixos. Um desses pontos baixos fica para a presença do produtor Rodrigo Faour no palco, como uma espécie de apresentador do projeto. Fazendo intervenções, que poderiam muito bem estar alocadas num making off, o jornalista soa didático demais ao explicar passagens do repertório e até a própria Lana Bittencourt. Ainda assim, A diva passional tem sua importância merecida por devolver às lojas a história de uma cantora que, por conta das intempéries do mercado, permanecia afastada do seu lugar merecido.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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