Renato Russo foi, sem dúvidas, um nome que fez por merecer o destaque que teve na geração oitentista do rock nacional. Letrista inspirado, cantor primoroso e músico básico e eficiente, ele foi bastante sábio na hora de conduzir a carreira da Legião Urbana para o protagonismo da cena que se desenhava na época.
Inteligente acima da média e conhecedor enciclopédico do rock, criou joias da música brasileira que resistiram bem ao tempo. São peças como Ainda é cedo, Eduardo e Mônica ou Faroeste Caboclo.
No entanto, tamanho sucesso fez sua banda, que arregimentou uma legião de fãs que o endeusam além da medida, tornando o músico carioca uma espécie de messias da juventude. Em contrapartida, o músico retribuia os fãs com opiniões contundentes, posturas coerentes e menagens cheias de conteúdo filosofico. Por isso mesmo, mexer na história de Renato Russo é sempre um desafio. Um passo em falso, e um sem número de fãs é capaz de “twittar muito” ou promover um linchamento on line sem medidas. Ainda assim, o diretor Antônio Carlos da Fontoura aceitou o desafio de retratar a história do ídolo no filme Somos tão jovens.
Estreando no mesmo mês que também chega a ficção Faroeste Caboclo (previsto para o fim de maio), Somos tão jovens dá início a uma espécie “ano do Renato Russo no cinema”. Com Thiago Mendonça (2 Filhos de Francisco) no papel principal, a cinebiografia conta a história do surgimento da cena roqueira brasiliense a partir de um dos seus principais nomes, passa pela fase “trovador solitário” e segue até o momento em que essa cena chega ao sucesso nas rádios, discos.
Nessa história, Somos tão jovens passa por outros nomes fundamentais para aquele cenário, como Paralamas do Sucesso, Plebe Rude e Capital Inicial. Claro, o Aborto Elétrico, banda seminal que aglutinou parte substancial da turma, é quem ganha papel porta-bandeira da cena.
O Renato exibido por Thiago é convincente, apesar de alguns momentos os trejeitos do músico parecerem forçados demais. No entanto, o estrelismo, o conflituoso, o dominador e outras porções que compunham a personalidade do legionário são bem mostrados na película. Em doses mais pálidas e bondosas, as drogas e a homossexualidade também comparecem. Já uma suposta tentativa de suicídio sequer é citada.
É verdade que poucos segredos existem na “biografia oficial” de Renato Russo. Pelo contrário. Da doença que o deixou acamado na adolescência até sua fissura por ídolos do rock, tudo já é bem conhecido do público. Ainda assim, toda essa história ganha volume quando projetada na sala escura. Mais ainda por conta das interpretações curiosas e engraçadas de Herbert Vianna (Edu Moraes) e Dinho Ouro Preto (Ibsen Perucci).
Para ter um recorte, Antônio Carlos da Fontoura optou por contar a história a partir de um amor platônico entre Renato e a colega Ana Cláudia (Laila Zaid). A opção inteligente transforma uma típica história de roqueiro – sexo, drogas e … – numa sessão da tarde emocionante, adolescente e envolvente.
E, claro, tem as músicas. Trechos de letras famosas permeiam o texto, como se quisessem contar como nasceram tantos clássicos da música brasileira. E, mais uma vez é claro, que basta Renato puxar sua guitarra, baixo ou violão, para que a plateia cante junto cada sílaba. Isso por que, como band leader, Renato Russo foi ímpar, o que o fez merecer dois filmes no cinema ao mesmo tempo.
Só uma correção: não é homessexualismo, é homossexualidade.
=D
Oi, Márcia,
Admito que nunca havia atentado para as diferenças entre esses dois termos. No dicionário os termos aparecem como sinônimos. Sob hipótese alguma quis transmitir qualquer tipo de comentário depreciativo quanto ao personagem em questão. O que está escrito se refere tão somente a uma obra artística.
Muito obrigado pela sua atenção, pelo seu comentário e pela sua informação.
Muito bem observado, Márcia. Ao ler o texto, a palavra quase saltou aos meus olhos, tamanha a carga negativa que o termo “homessexualismo” carrega. Não que essa fosse a intenção do autor…
Eu,como gay assumido, posso dizer que essa redefinição “politicamente correta” de homossexualismo pra homossexualidade me enoja.O movimento gay devia ser mais útil,e menos fútil.Aliás eu sou contra esse movimento,o gay não precisa politizar sua vida íntima.