No entanto, aquela mistura disco/ funky/ gospel, que foi bem medida na estreia, foi ganhando cada vez mais molho pop ao longo dos discos seguintes. De volta ao planeta (1998), disco seguinte, assim como abriu as portas dos grandes festivais, começou a diluir as ideias do trabalho anterior. Daí em diante, eles se mantiveram numa gangorra, que pendia, ora para um balanço contagiante, ora para os clichês da música de massa. O terceiro disco, Oxigênio (2000), é uma prova disso. Está ali uma deliciosa releitura de Um raio laser, hit de Baby (na época) Consuelo e Pepeu Gomes, ao lado de baladas ininteligíveis.
Pelo time, é possível perceber as boas intenções do Jota Quest para Funky Funky Boom Boom, mas o resultado é bem aquém do esperado. Começa que o disco em nada lembra o disco de estreia, bem mais enxuto e inspirado. Funky Funky Boom Boom lembra mais Discotecagem Pop Variada (2001), que, como os outros, mescla bons grooves funkeados com baladas de pouca inspiração.
Verdade seja dita: há muita alegria em Funky Funky Boom Boom, notoriamente feito para as pistas. A ótima faixa que tem apresentado o disco nas rádios, Mandou bem, tem um elegante ar retrô azeitado pela guitarra de Nile Rodgers. Ainda assim, as 15 faixas (Waiting for you vem em duas versões) acabam confirmando os altos e baixos da banda. Entre os baixos está a incapacidade de encontrar um caminho para o próprio som. São músicos competentes (com destaque para o baixo profundo de PJ), mas falta coragem para apostar em algo com mais personalidade.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ppdkWi0613c[/youtube]Outro ponto negativo são as letras, que continuam sendo feitas à base de clichês apaixonados (Um tempo de paz), aliterações incompreensíveis (Entre sem bater) e tentativas existencialistas (Pretty baby). Algumas composições de Funky Funky Boom Boom chegam a ser divididas por nove pessoas. Entre elas, novidades como Xande de Pilares e China. Ainda assim, o que se vê são os mesmos vícios que fizeram do Jota Quest o que eles são. “Você me conheceu assim. Tentar me mudar não vai fazer ninguém feliz”, é o que eles dizem em Imperfeito. Pois que tudo continue como sempre esteve.