bg_profileEra o ano de 2000, quando Maximiliano Simonal Pugliese de Castro, o Max de Castro, lançou Samba raro. Genial para uns e pretensioso para outros, o disco foi composto, produzido, tocado e arranjado pelo próprio músico carioca, que ainda fez questão de criar rótulos para cada faixa. “Samba jazzy”, “bossa-funk samba”, “samba lounge” e “trip bossa” foram alguns dos termos que o carioca empregou para faixas feitas à base de samplers, guitarras e baixo elétrico.

Ganhando ares de clássico e provocando polêmica, Samba raro foi a senha para um novo interesse sobre o samba. Pelas mãos de jovens músicos, o gênero foi ganhando novas leituras, interpretações e fusões, e se espalhando pelo mundo. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a multi-instrumentista Fernanda Porto, que deixou tudo às claras no disco de estreia, lançado em 2002. “Esse samba é meu groove da vez, com guitarra e drum n´bass. Só pra ver como é que fica eletrônico o coro da cuíca”, provocava em Sambassim.

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Além das afinidades musicais, Max e Fernanda tinham como abrigo a gravadora Trama, que trabalhou vários outros nomes que buscaram novas texturas para o samba. Mais fiel à tradição, Wilson Simoninha – que, assim como Max de Castro, é filho de Wilson Simonal – se voltou para o lado mais suingado da Bossa Nova, inclusive regravando muitas coisas do pai. Paula Lima (ex-Funk Como Le Gusta), Jair Oliveira e Luciana Melo (esses dois, filhos de Jair Rodrigues), Celso Fonseca também engrossaram o caldo.

Espécie de porta-voz dessa geração, a cantora e bailarina Fernanda Abreu (ex-Blitz) já apontava a força da mistura com seu samba-funk. “Suingue-balanço-funk é o novo som na praça. Batuque-samba-funk é veneno da lata”, anunciava já em 1995. A ideia foi pegando e, mais misturas e modernices foram surgindo, que, mesmo quando o samba era apenas uma referência, se fazia presente. É o caso do Pedro Luís e a Parede resgataram a força pop da batucada, provocando misturas com o baião, o rock e o funk. De dentro dessa formação, surgiu ainda o Monobloco, um dos novos blocos de Carnaval mais populares do Rio de janeiro, que, anualmente, leva Raul Seixas, Tim Maia e Silas de Oliveira para cima do trio.

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Outra figura importante é Marcelo Maldonado Peixoto, o D2. Famoso na década de 1990 como um dos vocalistas do Planet Hemp, ele deu um tempo no discurso à favor da legalização da maconha pra homenagear “os grandes arquitetos da música brasileira” no disco A procura da batida perfeita, de 2003. Espalhando a mistura do rap e do hip hop com o samba, o cantor solidificou a carreira solo e passou a ser convidado pra todo tipo de projeto que envolvia um pandeiro e um tamborim. Um deles foi um tributo a Bezerra da Silva, lançado em 2010.

Com o terreno reaberto, uma nova geração de sambistas chegou forte ao mercado brasileiro. Muito deles, inclusive, foram responsáveis por dar novos ares à Lapa, bairro carioca que abrigou malandros e boêmios históricos, mas vinha sofrendo com prostituição e com o tráfico. Se apresentando nos bares da região, Moyseis Marques, Pedro Miranda, Ana Costa e a banda Casuarina ganharam destaque nessa cena e vêm levando um pedaço importante do Rio para o Brasil.

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Nessa lista interminável de sambistas, é preciso destacar aqueles que prestaram reverência clara aos seus mestres. Começa com Teresa Cristina, também da turma da Lapa, que se lançou com um trabalho dedicado à obra de Paulinho da Viola. Discreta e macia como o homenageado, não raro, ela é chamada de “Paulinha da Viola”. Já Mariene de Castro, atendendo um convite do Canal Brasil, homenageou a saudosa Clara Nunes, para porção baiana da obra da mineira. Para Martnália e Diogo Nogueira, foi mais fácil escolher um espelho. Filhos, respectivamente, dos bambas Martinho da Vila e João Nogueira, eles fazem uma do passado ao presente através de canções inéditas e resgate da obra dos genitores.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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