JENECI 3 crédito Daryan DornellesEnquanto não está gravando em estúdio, tocando no palco ou compondo em casa, Marcelo Jeneci se dedica a outro projeto, um tanto inusitado. Ele quer criar um sorvete com sabor de nirvana. Ele até acredita que o sorvete deve ser algo furta-cor, de sabor alucinógeno. Uma bola ou duas, e a viagem para um lugar de puro prazer estaria garantida. “Quando não estou trabalhando no De graça, estou atrás deste sorvete”, confessa o músico paulistano, em entrevista por telefone.

Como a empreitada de sorveteiro ainda não aconteceu, Jeneci segue apresentando pelo Brasil as canções do seu segundo disco, lançado em outubro do ano passado. A próxima parada da turnê De graça é em Fortaleza, esta noite no House of Sensations. “A primeira vez que vi tanta gente no meu show foi em Fortaleza, na UFC (na edição de 2011 do Festival de Cultura). Um puta lugar bonito e aquele monte de gente na minha frente. Foi muito simbólico e percebi que tinha uma relação com o público de Fortaleza”, lembra o músico.

jenecidegracacapaSegundo disco de Marcelo Jeneci, De Graça (Slap/ Natura Musical) chega três anos depois de Feito pra acabar. Com a boa receptividade da estreia, o segundo tornou-se uma responsabilidade maior. Certo de que “só se é novidade uma vez”, ele buscou formas de reforçar a própria personalidade artística enquanto aproveitava para apontar novos caminhos. Daí ele ter escolhido a faixa De graça, puxada para o tecnobrega, na hora de apresentar o novo trabalho. “Intuí que as pessoas que iam dar notícia sobre o disco eram as pessoas da crítica especializada. Por isso quis o diferente. Quem está interessado pelas novidades é quem está perto do circuito cultural. A minha intenção era dizer que isso não é mais do mesmo”, afirma.

Em Feito pra acabar, Jeneci queria uma banda para mostrar canções que reuniu ao longo dos anos de carreira. Já em De graça, a ideia era extrair o máximo dos músicos, dos instrumentos e das canções. “Eu achei que o segundo seria mais fácil, mais divertido. Mas acabou sendo mais intenso, mais catártico. Fiquei três meses gravando e mixando, sem saber quanto tempo passou”, lembra ele que, ao fim, pegou a primeira cópia e entregou ao pai. Para Jeneci, foi uma forma de justificar por que havia saído de casa aos 18 anos com o sonho de ser músico. “Cheguei na casa do meu pai, mostrei o disco pra ele e disse: ‘esse é seu e aqui está toda a música que eu aprendi nessa casa’. Senti vontade de dar satisfação. É bacana ter um pai e uma mãe pra quem você volta e mostra que foi bem sucedido”, relembra.

Assim como o primeiro, De graça recebeu críticas empolgadas e agradou aos fãs. Em grande parte, as canções de Marcelo Jeneci atraem a simpatia do público pelo otimismo e dicas positivas que elas passam. Em Temporal, por exemplo, ele sugere: “Quando a luz acabar e a escuridão subir pro alto do céu, olha em paz que a nuvem já se desfaz”. Segundo ele, esse clima “bom moço” é algo natural e honesto. Vendo que isso é algo sempre comentado sobre seus discos, ele mesmo se questionou se era alguém tão otimista. “Sou de uma família muito simples, com alta tecnologia humana. Uma família muito boa de lidar bem com a vida. Eles foram me ensinando que a graça da vida é viver com graça. É assim que eu enfrento a vida”.

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E, ao que parece, isso tem sido bem recebido. Ao longo da última década, Marcelo Jeneci tornou-se um expoente da nova MPB, com músicas gravadas por Amelinha, Vanessa da Mata, Zélia Duncan e Arnaldo Antunes. Também é sempre requisitado como músico – piano, teclados e acordeom – por estes e outros artistas. Mas, o sucesso da carreira solo, sempre com shows concorridos, exige que ele seja mais seletivo com os convites. E, se nada disso der certo no futuro, ele ainda pode recorrer ao seu sorvete de nirvana para levar felicidade ao público.

Serviço
Marcelo Jeneci – Turnê De graça
Quando: hoje (22), às 22h
Onde: HOS (Travessa Icó, 112 – Centro. Ao lado do Mucuripe Club)
Quanto: R$ 40. À venda na Stalker (shoppings Benfica, Iguatemi, North Shopping e Via Sul) e na Bilheteria Virtual
Outras informações: 3021.7186

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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