Nem todo mundo acreditava em Moraes Moreira sem Novos Baianos, mas ele quis tentar. O empresário e produtor João Araújo (1935 – 2013) acreditou e resolveu ajudar a realizar o primeiro disco. Lançado em 1975, o LP Moraes Moreira reuniu parcerias com Luiz Galvão, que haviam sobrado dos Novos Baianos, com novas canções e uma releitura curiosa de Se você pensa, de Roberto e Erasmo Carlos. Reforçando as fusões de ritmos brasileiros com rock e blues, marca da época que tocava com Pepeu Gomes, Baby Consuelo e Paulinho Boca de Cantor, é esse disco que abre o box Moraes Moreira Anos 70, lançado pelo selo Discobertas.
Agora como artista solo, coube ainda para Moraes a missão de montar uma nova banda. Foi aí que, numa conversa com Wally Salomão, ele chegou ao conterrâneo Armandinho Macêdo, uma virtuose no bandolim e na guitarra baiana, que tem ainda a seu favor o fato de ser filho de Osmar, um dos criadores do trio elétrico. Além dele, foram chegando o baixista Dadi Carvalho (outro ex-Novo Baiano), o tecladista Mu Carvalho (irmão de Dadi) e o baterista Gustavo Schroeter (ex-A Bolha). Futuramente, esse quarteto ganharia o nome de A Cor do Som fazendo uma carreira paralela ao trabalho com Moraes.
A boa parceria com Fausto seguiria em Lá vem o Brasil descendo a ladeira, cujo título foi tomado de um comentário de João Gilberto ao ver uma mulata caminhando pela rua. Com Pepeu Gomes de volta ao seu time, Moraes Moreira encerrou a década de 70 com seu disco mais carnavalesco e fez sucesso com Chão da praça. Além disso, o disco trazia um apuro técnico ainda inédito em sua carreira e a presença de músicos experientes como Oswaldinho, Márcio Montarroyos e Zé Bodega. Na sequência, vieram outros sucessos que solidificaram a carreira de Moraes, como os discos Bazar Brasileiro (1980) e Coisa acesa (1982). Mas aí já é outra década que também espera ser resgatada em novo box.