_DSC8115-Editar-2

Fotos: Marcelo Faustini

O tempo foi um aliado para Ney Matogrosso. Próximo de completar 73 anos, em 1º de agosto, o intérprete de Bela Vista, Mato Grosso do Sul, segue com o gênio criador tão jovem quanto há 40 anos, quando estreou ao lado do trio Secos & Molhados. O corpo magro também requebra com a mesma lascívia e energia do passado. A voz de contra tenor ganhou outra cor, mais madura, e se mantém firme e corajosa. O repertório, cheio de momentos marcantes, cresce com frescor e disposição de chegar a novos lugares.

Tudo isso pode ser comprovado no show Atento aos sinais, que Ney traz a Fortaleza neste sábado. A apresentação única acontece no Siará Hall, mesmo lugar onde, em agosto de 2010, ele apresentou o show Beijo bandido, de tom mais contido e repertório cheio de clássicos brasileiros feitos por Evaldo Gouveia, Luiz Bonfá e Tom Jobim. Quatro anos depois, o artista que vai subir ao palco é expansivo, roqueiro e, como o título do show sugere, atento aos sinais que chegam dos novos tempos.

Com a banda formada por Sacha Amback (teclado e direção musical), Maurício Negão e Maurício Almeida (guitarras), Dunga (baixo), Everson Moraes (trombone), Aquiles Moraes (trompete) e Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussões), Ney Matogrosso dá voz a uma nova geração de compositores. Do rapper Criolo ele faz o cult-pop-brega Freguês da meia-noite. Do jovem Dani Black, filho de Tetê Espíndola, vem Oração. E da banda paulistana Zabomba, vem Pronomes.

Com botas longas, plumas e acessórios extravagantes, o Ney Matogrosso de Atento aos sinais entrega tudo o que o público quer ver. Acostumado a alternar climas em suas turnês, ele até se espanta ao ouvir que alguns fãs se decepcionaram com o tom mais comportado de Beijo Bandido. “É um direito que eles têm. Mas eu também tenho o direito de fazer o que me interessar. Antes de saber se vai agradar o público, eu tenho que saber se vai me agradar. Se eu gosto do que to fazendo, acho que vou agradar”, explica por telefone.

_DSC8128-EditarA turnê Atento aos sinais nasceu no início de 2013 e só depois virou disco. Ainda no ano passado, na esteira da procura por novas vozes, assuntos e discursos, vieram trabalhos divididos com Dan Nakagawa – autor de Um pouco de calor, presente em Inclassificáveis (2008) e Todo mundo o tempo todo, do novo disco – e Marília Bessy. “Ouço muito dizer que há uma crise na composição, mas não sei de nada disso. Se procurar, você acha muita coisa boa. Mas, se ficar esperando que eles venham até você, fica difícil”, afirma o artista.

Entre as novas descobertas de Ney Matogrosso está Vitor Pirralho, de quem gravou Tupi fusão. “Eu estava em Maceió, quando li sobre ele num jornal que haviam deixado no meu quarto. Fiquei interessado na conversa e pedi à produtora local que me trouxesse um disco dele”, conta citando ainda a banda Tono, que ele conheceu via internet num disco que estava disponível para download. “E eu ainda nem sabia que tinha o filho do (Gilberto) Gil (o músico Bem Gil)”, lembra.

_DSC7716-EditarE junto com a carreira de cantor e “descobridor de talentos, Ney ainda tirou 2013 para se envolver em outros projetos, como a direção do show Coração inevitável, de Ana Cañas. “Muita gente ouve não, por que eu só me envolvo (em projetos) quando tenho disponibilidade pra ir do começo ao fim. Principalmente, quando são coisas mais longas. Mas os lances menores são mais fáceis. A Ana, por exemplo, foi na minha casa com mais de um ano antes da coisa acontecer”, lembra ele que ainda saiu esse ano com o filme Olho Nu, dirigido por Joel Pizzini. “Fiquei surpreso com as críticas por que achava que o filme seria para um público cult. Quando eu vi, todos estavam transbordando elogios. Mas não deixa de ser cult, por que só está em cinemas pequenos”, avalia o artista incansável que ainda espera o lançamento do DVD da turnê Atento aos sinais, gravado há 20 dias.

Serviço:
Ney Matogrosso – Atento aos sinais
Quando: sábado (26), às 23h
Onde: Siará Hall (Av. Washington Soares, 3199 – Edson Queiroz)
Classificação: 16 anos
Quanto: Preços: R$ 40 (Pista – meia), R$ 80 (Pista – inteira), R$ 60 (Front Stage – meia), R$ 120 (Front Stage – inteira), R$ 100 (Cadeira – meia), R$ 200 (Cadeira – inteira), R$ 120 (camarote – 1º Piso), R$ 100 (camarote – 2º Piso), R$ 800 (Mesa Ouro)
Pontos de venda: Bilheteria Virtual, Shopping Del Passeo e Siará Hall
Outras info.: 3278.8400 e 3046.3947

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles