Música em Cores: Molhado de Suor

No fim dos anos 1960 para início dos 70, uma leva de artistas nordestinos migrou para o Sudeste brasileiro em busca de espaço para mostrar sua música. Influenciados pela liberdade da geração Woodstock, pelo experimentalismo dos Beatles e pelo orgulho nacional pós-Bossa Nova, eles chegaram com ideias novas que misturavam a tradição de suas terras com os sons plurais do rock e da psicodelia que ainda ecoava no mundo.

Nessa turma, estava o pernambucano Alceu Valença, que vinha chamando atenção em festivais com seu violão e sotaque peculiares. Poeta e músico que tira do chão quente a inspiração para trabalhar, o advogado de formação tornou-se único no seu liquidificador de blues, rock, forró, baião e maracatu. Com esses elementos, ele fez Molhado de suor, disco solo de estreia lançado – depois de um trabalho dividido com Geraldo Azevedo – em 1974 pela Som Livre.

Molhado de suor é como uma bandeira dessa invasão nordestina, que trazia as cores de Zé Ramalho na viola, Lula Côrtes no tricórdio e Ivinho na guitarra. Pra quem não conhece Ivinho, trata-se do esquecido guitar hero pernambucano que incendiou a banda Ave Sangria. Na época, a mistura do pernambucano era tão estranha aos ouvidos desavisados que, no Festival Abertura, da TV Globo, tiveram que inventar uma categoria para conseguir enquadrá-lo: a categoria “pesquisa”. Melancólico, agressivo, duro, seco e agreste, Molhado de Suor é uma das mais originais estreias de um artista brasileiro. E isso só foi possível por que Alceu Valença é um dos mais originais artistas brasileiros.

Faixas:
1. Borboleta (Alceu Valença)
2. Punhal de prata (Alceu Valença)
3. Dia branco (Alceu Valença)
4. Cabelos longos (Alceu Valença)
5. Chutando pedras (Alceu Valença)
6. Molhado de suor (Alceu Valença)
7. Mensageira dos anjos (Alceu Valença)
8. Papagaio do futuro (Alceu Valença)
9. Dente de ocidente (Alceu Valença)
10. Pedras de sal (Alceu Valença)

>> Molhado de suor por Carlus Campos