vanguartTudo começou como um projeto solitário do jovem Hélio Flanders, que compunha suas canções no quarto e gravava no computador. A base era feita no violão, para, em seguida, acrescentar teclados, guitarras e a voz tristonha que entoava versos em inglês. Dali saíram dois discos – Ready to… (2002) e The noon moon (2003) – e a ideia de um projeto que depois se transformaria numa das principais bandas da cena indie brasileira. Assim como assinava naqueles trabalhos particulares, a banda ganhou o nome Vanguart, tirado de um vídeo sobre o guru da pop art Andy Warhol (1928 – 1987).

Inspirado no folk e no rock dos anos 1960 e 70, o Vanguart saiu do quarto de Flanders para se tornar um sexteto cheio de canções que fazem a cabeça do público mais antenado. E são essas canções, que falam de amor de forma bem particular, que a banda de Cuiabá, Mato Grosso, apresenta esta noite na Órbita. Para a banda, voltar a Fortaleza, pouco mais de um ano depois de encerrarem o festival Ponto.CE (em março de 2013), é algo a ser comemorado. “É muito bom por que é uma cidade que a gente demorou muito para tocar. Essa volta é muito calcada na vontade do público”, celebra.

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O Vanguart se firmou como banda em 2005, formado por Reginaldo Lincoln (voz, baixo), Luiz Lazzarotto (teclado e piano), David Dafré (guitarra) e Douglas Godoy (bateria), além de Hélio Flanders (violão e voz). Nesse mesmo ano, lançaram o primeiro dos três singles que ajudariam a firmar o nome da banda na cena independente cuiabana. Entre eles estava Semáforo, sucesso inaugural que também entrou para o primeiro disco completo, lançado em 2007. Em seguida vieram outros três trabalhos, incluindo uma participação no projeto Multishow Registro.

O último disco lançado pelo Vanguart, Muito mais que o amor (2013), apontou novos caminhos sonoros, incluindo texturas mais pop a entrada da violinista Fernanda Kostchak. Para Flanders, as mudanças fazem parte da maturidade. “Nossos álbuns, de um modo geral, são tiros no escuro. Olhando para trás, eu digo, sem muita vaidade, que a gente nunca sabe o que está fazendo. A agente não tem controle. É tudo natural”, reflete o músico, lembrando que o primeiro disco trazia muito do ímpeto juvenil, algo que já foi se modificando no seguinte. “Não dá pra fugir do autobiográfico. Olhando agora, eu digo ‘pô galera, (compor) é mais simples do que se pensa. É só viver”.

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Flanders segue mostrando que está satisfeito com o caminho tomado pelo Vanguart numa cena independente que precisa cavar espaços cotidianamente. “A gente sempre quer chegar mais longe, mas, não tenho do que me queixar. Só tenho a agradecer. (Os fãs) são pessoas que nos acompanham e vêm amadurecendo junto. É até difícil traduzir em palavras essa cumplicidade. Em Fortaleza, nós sentimos isso”, comenta o compositor que nem lembra mais onde estão aquelas canções compostas há mais de uma década. Taxativo, ele adianta que o material produzido no seu quarto não deve jamais voltar ao público. “É muito ruim”, resume. “Não tenho apego com o passado. Tenho com as memórias, referências, mas às canções…”

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Como o passado não preocupa, o Vanguart se dedica a planejar presente e futuro, incluindo os trabalhos paralelos. É o caso do disco solo do baixista Reginaldo Lincoln (previsto para este ano) ou de outros convites que cada músico recebe. “Fiquei muito contente com o disco do Reginaldo por que o Vanguart ficou pequeno pra ele. E fazer outros trabalhos é importante artisticamente, só faz bem pra própria banda. Aprende-se muito”, avalia Flanders, que, por outro lado, não abandona os planos da banda. Ainda sem uma previsão mais acertada para o novo disco do sexteto (talvez 2016), o próximo lançamento deve ser um DVD da nova turnê. “Só volto a compor no ano que vem. Me dei um prazo de férias de composição”, explica.

Serviço
Vanguart
Quando: sábado (23), às 21h
Onde: Órbita Bar (Rua Dragão do Mar, 207 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 40. À venda na Full Vinyl Flagship Store (Av Dom Luis, 685 – Aldeota/ Rua Barbosa de Freitas – 1066 – Aldeota) e no local
Outras informações: 3453.1421 (horário comercial)

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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