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Existe por parte deste blogueiro uma expectativa muito grande pelo projeto que vai reunir Fagner e Zé Ramalho. Lançado em CD e DVD pela Sony Music, Fagner e Zé Ramalho Ao vivo foi gravado no Rio de Janeiro com cada um dos nordestinos bicando o repertório do outro. Herdeiros de uma geração folk-rock de fortes cores nordestinas, ambos vêm com suas carreiras em marcha lenta no que toca à produção discográfica, mas têm seus shows, cada vez mais afiados, sempre em alta rotação.

É justamente por isso que esse projeto tem tudo para ser um grande lançamento. Amigos de longa data e vizinhos em seus lares cariocas, e Fagner começaram acertando nesse encontro em priorizar sucessos de suas melhores fases. E assim, foram embora as novas canções e tiros no pé como Borbulhas de amor e Sinônimos. Outro acerto é que Asa partida, Eternas ondas, Mucuripe e outras grandes canções vão trazer os artistas cercados apenas dos próprios violões, instrumento do qual eles conhecem todos os segredos.

Em outros momentos, um quarteto de baixo, bateria teclado/sanfona e violão segue para fazer o reforço. E quem assume este outro violão é o mago das cordas Manassés, realeza da música nordestina. Sem muitas in(ter)venções, é esse o molho que deve dar mais sabor ao encontro de dois dos maiores nomes da música brasileira surgida nos interiores do Brasil.

A propósito, Fagner e já se encontraram outras vezes em canções que ficaram espalhadas pelas discografias de ambos. A balada Filhos do Câncer, por exemplo, é parceria interpretada com força por eles e lançada em 1983 no disco Orquídea negra, do paraibano. Lançada no box A caixa da Pandora, uma versão de Amigo também juntou os amigos para um dueto. Transformada num choro, a canção de Roberto e Erasmo preservou a emoção, apesar de ganhar uma nova cara.

Depois do fraco e meloso Pássaros urbanos, de Fagner, e de Sinais dos tempos, disco de Zé Ramalho que passou sem deixar rastros, este encontro tende a reforçar a história de dois personagens que têm sim um histórico de bons serviços prestados à música brasileira. Pois que ele chegue logo e cumpra a missão a que se propõe.

Veja as faixas de Fagner e Zé Ramalho Ao vivo:
1. Dois querer (Raimundo Fagner/ Brandão)
2. Asa partida (Abel Silva/ Fagner)
3. Pelo vinho e pelo pão (Zé Ramalho)
4. Mucuripe (Fagner/ Belchior)
5. Noturno (Coração valente) (Graco/ Caio Silvio)
6. Chão de giz (Zé Ramalho)
7. Romance no deserto (Bob Dylan/ Jacques Levy/ V.: Fausto Nilo)
8. A terceira lâmina (Zé Ramalho)
9. Canção da floresta (Sebastião Dias)
10. Jura secreta (Abel Silva/ Sueli Costa)/ Revelação (Clésio/ Clodô)
11. Fanatismo (Fagner/ Florbela Espanca)
12. Garoto de aluguel (Zé Ramalho)
13. Eternas ondas (Zé Ramalho)
14. Kamikaze (Zé Ramalho)
15. Pedras que cantam (Fausto Nilo / Dominguinhos)
16. Admirável gado novo (Zé Ramalho)

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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