c38cc47c51cf7861d0dbdfe69d2516b99e117678Depois de Maria Rita cantando Elis Regina (óbvio, embora emocionante) e Vanessa da Mata cantando Tom Jobim (melhor na ideia que na execução), a Nívea anunciou seu novo projeto envolvendo a música brasileira. Chegou a vez de Ivete Sangalo e Criolo dividirem o palco para cantar a obra de Tim Maia. A turnê Nívea Viva Tim Maia vai passar por sete cidades brasileiras entre abril e junho. Fortaleza recebe a apresentação gratuita – no aterro da Praia de Iracema – no dia 31 de maio (veja todas as datas abaixo).

O encontro da rainha do axé com o rapper paulistano, como sempre, já dividiu opiniões. Pra mim, a regra é clara: Ivete garante a festa, enquanto Criolo dá credibilidade ao discurso. A parceria pode funcionar bem, desde que haja harmonia entre os envolvidos, no lugar de uma disputa por audiência. Ivete é uma boa cantora e pode fazer bonito com o repertório mais animado do Síndico. Criolo me parece mais “peixe fora d’água”, mas pode surpreender, uma vez que tem talento para isso.

O fato, é que não dá pra prever muito do que vai sair desse encontro. No entanto, uma polêmica já foi tirada dessa cartola. Pelo Facebook, Ed Motta afirma que foi convidado para assumir o tributo, mas declinou por que “a grana não era compatível com meu desprazer em fazer isso”. Ed continua: “Para mim a música do Tim Maia é intocável, fica bom mesmo é com ele, é preciso honestidade e vergonha na cara para admitir isso… O cara que teria REALMENTE cabedal para um tributo ao Tim Maia seria o Claudio Zoli, por conta do timbre de voz, e também a história e envolvimento de carreira”.

Mais adiante, o sobrinho de Tim Maia diz que “o envolvimento familiar era péssimo”, além de justificar seu não com uma série de diferenças estéticas. Particularmente, nunca achei que Ed Motta fosse uma cria do trabalho de Tim Maia. Embora existam semelhanças claras, como as referências no soul/jazz/funk, também são claras as diferenças. Tim foi dono de uma das melhores vozes do Brasil, mas passou a aproveita-la mal quando começou a cantar baladas açucaradas e repetitivas. Já Ed Motta opta por tanto refino, que, por vezes, parece autossabotagem. Isso, no entanto, não o impediu de criar  interpretações sublimes.

É bem verdade que, tendo uma trovoada na garganta, Tim Maia foi o melhor intérprete da própria obra. Por outro lado, isso não faz das suas canções um relicário intocável. Que outros artistas mantenham essa obra viva e não a deixem cair em esquecimento. A propósito, o ano não começou para o “descobridor dos sete mares”. Logo nos primeiros dias de 2015, a Rede Globo exibiu um especial dedicad a Tim Maia, mas oresolveu inverter a ordem dos fatos para dar crédito a Roberto Carlos pelo sucesso do compositor de Azul da cor do mar. Isso sim é uma vergonha tão grande, que até o diretor da cinebiografia do cantor – usada como base para a série – resolveu se posicionar contra o programa. Agora torço para que Tim possa descansar em paz.

Leia o post completo de Ed Motta, tal e qual publicado esta tarde:

Uma empresa de creme, me procurou para fazer o “projeto” Tim Maia, a grana não era compatível com meu desprazer em fazer isso… Para mim a música do Tim Maia é intocável, fica bom mesmo é com ele, é preciso honestidade e vergonha na cara para admitir isso…
O cara que teria REALMENTE cabedal para um tributo ao Tim Maia seria o Claudio Zoli, por conta do timbre de voz, e também a história e envolvimento de carreira.
O compromisso com o soul/funk carioca etc etc.
Mais do que sacanagem, é um desrespeito por gente que dedicou a vida inteira a isso.
Vontade de vomitar, que coisa PODRE…

Veja as datas da turnê Nívea Viva Tim Maia:

Porto Alegre
12/04, às 16h30, na Praça Pôr do Sol

Recife
26/04, às 17h30, no Parque dona lindu

Salvador
24/05, às 16h30, no Elevador Lacerda

Fortaleza
31/05, às 16h30, no Aterro Praia de Iracema

Brasília
14/06, às 17h, no Parque da Cidade Dona Sarah Kubtschek

Rio de Janeiro
21/06, às 17h, na Praia de Copacabana

São Paulo
28/06, às 16h30, no Parque da Juventude

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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