capa-beatles-baixaA história dos Beatles já foi contada das mais variadas formas desde que eles começaram a fazer história. Rivais na disputa por quem seria a maior banda de rock de todos os tempos, os Rolling Stones não ficam atrás na quantidade de livros, filmes, documentários, relançamentos ou biografias. Talvez para não gerar atrito entre os fãs dos dois quartetos, o cartunista Mauri Kunnas decidiu lançar simultaneamente dois livros contando histórias dos bons moços de Liverpool e dos meninos maus de Londres. Assim, ninguém briga.

Em Beatles com A, o nascimento de uma banda, o cartunista finlandês se prende aos primeiros anos do quarteto. Logo no primeiro quadro, está retratada a chuva de bombas despejadas durante a II Guerra Mundial, que fazia suas vítimas enquanto nasciam John, Paul, George e Ringo. Em seguida, a graphic novel trata da infância dos futuros músicos até chegar aos encontros, formação da banda, shows em Hamburgo e a gravação do primeiro single. Pete Best e Stuart Sutcliffe também passam pelo livro. Mesmo que boa parte dessas histórias já tenha sido contada indo e voltando, o tom irônico e sacana de Kunnas dá um molho especial ao rigor biográfico. E para os fãs mais atentos, o autor ainda procurou incluir detalhes bem sutis como as imagens dos brinquedos que os próprios Beatles tinham na infância.

capa-stones-baixaMac Moose e os Stones é o completo oposto. A história é fictícia sobre uma banda também fictícia, mas baseada em fatos e personagens reais. A começar pelos protagonistas: o quinteto The Rolling Gallstones (Os Pedras de Vesícula Rolantes), formado por Charles Lâmpada, Billy Woman, Jacques Migger, Ronald Madeiras e Keith Ricardos. Depois de sequestrado por um grupo terrorista, o grupo é levado para os Alpes onde passam por um processo de lavagem cerebral. O único que consegue escapar é o guitarrista Ricardos, que pede ajuda ao ex-policial e romancista Moose, que acaba de escrever mais um candidato a best seller, A morte em um caçarola de repolho.

Mauri Tapio Kunnas nasceu em Vammala, no sudoeste da Finlândia. Reconhecido como um dos principais autores infantis do seu país, ele já escreveu mais de 40 títulos e vendeu mais de sete milhões de exemplares pelo mundo. Não por acaso, costuma atrair uma multidão de crianças por onde passa. Formado em designer gráfico pela University of Art and Design in Helsinki, ele também trabalha como cartunista e criou uma revista dedicada a parodiar estrelas do rock das décadas de 1960 e 70.

Assumidamente fã dos Beatles mais do que dos Stones, ele coleciona tudo o que sai nas lojas sobre o FabFour. Talvez por este motivo, fica bem claro que o quarteto de Liverpool é tratado com mais respeito pelo cartunista. O que não impede certas tiradas engraçadas como John Lennon sendo atormentado por uma bruxa que se assemelha muito a Yoko Ono. Também é hilário ver Cynthia Powell, primeira esposa de John, escondida embaixo da cama com medo de ser descoberta pelas fãs apaixonadas que queriam ter o ídolo eternamente solteiro e imaculado.

No entanto, é quando os Stones, ou melhor, os Gallstones entram em cena que Kunnas deita e rola. Flagrados num período de baixa popularidade, eles precisam colocar na boca das pessoas um hino pacifista cheio de clichês exagerados. O feito que parece simples e se repete de tempos em tempos, torna-se um esforço hercúleo quando eles passam a ser perseguidos por uma dentadura assassina. Nessa aventura, eles cruzam com outros personagens sui generis como “o rei das guerras de travesseiro” Milky Jaquison e o estranho David Boi. Ou seja, as semelhanças podem não ser mera coincidência.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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