No currículo que está sendo revisto, a parte de história da música é dividida em três períodos. Em História da Música 1, são estudados os principais compositores europeus, como Mozart ou Beethoven. A História da Música 2 se debruça sobre a música popular brasileira como um todo. Já em História da Música 3 são vistos os compositores contemporâneos, mas a ementa do curso direciona para os compositores eruditos. Com a mudança prevista para esta última disciplina, o currículo vai incluir períodos seminais da cultura local, como o Pessoal do Ceará, a Massafeira, a geração de compositores dos anos 1990 até a cena atual. Nesse percurso, nomes como Humberto Teixeira (1915 – 1979), Luiz Assunção (1902 – 1987), Mona Gadelha e Dilson Pinheiro, entre outros, também ganharão espaço.
Embora ainda não formalizada a mudança, esses assuntos já entraram em pauta no curso, que vem contando com visitas de nomes como o cantor Marcus Caffé, falando sobre Humberto Teixeira, e Amaudson Ximenes, presidente da Associação Cearense do Rock (ACR), e do baterista Carlinhos Perdigão, falando sobre a cena roqueira do Ceará. Na nova bibliografia básica prevista para a disciplina, estão obras como Terral dos sonhos – O cearense na Música Popular Brasileira (Mary Pimentel Aires), No tom da canção cearense (Wagner Castro), Massafeira 30 anos (Ednardo) e Pérolas do Centauro (Pingo de Fortaleza), além dos perfis de Lauro Maia, Alberto Nepomuceno, Paulo Abel e Irmãos Aniceto publicados na coleção Terra Bárbara, das Edições Demócrito Rocha.
Para Pedro Rogério, professor de História da Música 3, a “supervalorização dos europeus demonstra uma posição colonizada. Reconhecemos toda a tradição europeia, mas não somos reconhecidos na mesma proporção”. Filho de Rodger Rogério e Teti, artistas cearenses que dividiram com Ednardo o fundamental álbum Meu corpo minha embalagem todo gasto na viagem (1973), ele esclarece que a aprovação por parte dos professores é a primeira etapa, mas a mais importante. Em seguida, a proposta segue para o colegiado do Instituto de Cultura e Arte (ICA) e para as câmaras superiores da Universidade. “Mas, quando chega nessas instâncias, é para dar mais segurança institucional”, adianta. A expectativa do curso é que a mudança já entre em vigor no primeiro semestre de 2016.